O clássico entre Chapecoense e Avaí, dois dos rebaixados do último Brasileirão, é a principal atração da retomada do Campeonato Catarinense, marcada para nesta quarta-feira (8) à noite. Será o segundo Estadual a voltar no Brasil após a interrupção do calendário do futebol em razão da pandemia. O torneio no Estado vizinho será reiniciado mesmo após o técnico do Marcílio Dias, Moisés Egert, testar positivo para a doença — a partida de seu time contra o Criciúma está confirmada para esta noite.
Santa Catarina vive situação semelhante ao Rio Grande do Sul. Em números absolutos, os vizinhos têm 22 casos confirmados a mais, de acordo com as secretarias de saúde em dados até as 18h de desta terça-feira. Morreram mais pacientes no RS, mas na proporção de população, os dados não ficam tão distantes.
A pressão política da Federação Catarinense deu resultado junto ao governo, o que permitiu o retorno do futebol mesmo em um cenário ainda preocupante de covid-19. A liberação causou uma cena curiosa: Florianópolis, a única cidade a ter dois times na competição, não tinha autorização para treinos coletivos, mas conseguiu aval para receber partidas. Para isso, determinou algumas ações, como testagem de envolvidos 24 horas antes do evento e limitação para até 100 profissionais por estádio.
— Para que pudessem fazer treinos, teriam de manter os jogadores em concentração ou fazer testes a cada três dias, para a detecção de vírus. Mas eles acabaram não optando por esta solução porque é cara e com dificuldade de operacionalização — argumenta Carlos Alberto Justo da Silva, secretário de saúde de Florianópolis.
Confinamento
Segundo ele, porém, a decisão de retomar o futebol faz parte da estratégia do Estado para manter a população confinada. O esporte, em sua visão, pode contribuir para distensionar o ambiente:
— O que nos levou a isso é que estamos em campanha para que as pessoas fiquem em casa. Associado a isso, observamos que há um forte abalo emocional das pessoas em quarentena. Então, vimos a possibilidade de um evento de futebol, sem público, mas que possibilite que as pessoas fiquem em casa e, durante um tempo, deixem de discutir apenas a covid-19, melhorando sua condição emocional, se envolvendo com futebol.
Para poder jogar, clubes e profissionais de imprensa precisam seguir o protocolo de segurança elaborado pela federação. No geral, o documento é bastante semelhante ao construído pela FGF, com poucas alterações. Por exemplo: o número de pessoas (31 por equipe no caso gaúcho, 33 por time no catarinense). A maior diferença está nos jogos: enquanto o campeonato do RS pretende ser encerrado sem envolver todas as cidades (Pelotas terá apenas o clássico Bra-Pel, enquanto Ijuí e Erechim estão fora do cenário), em Santa Catarina, os clubes poderão mandar as partidas em seus estádios.
Ao colunista Rodrigo Faraco, do portal NSC Total, o presidente da FCF, Rubens Angelotti, declarou:
— Temos toda responsabilidade e teremos todos os cuidados. Exigiremos o que consta no protocolo. Assim como os clubes com seus departamentos médicos têm que realizar os procedimentos. A responsabilidade não é só da Federação. É dos clubes também.
Otimismo entre os atletas
Entre os atletas que se manifestaram nos últimos dias, o sentimento é de otimismo. Para o atacante Lourenço, do Avaí, o momento é de “felicidade por poder voltar a jogar”. Pela Chape, o goleiro João Ricardo falou à AE:
— O Brasil não está preparado (para enfrentar a pandemia), como nenhum outro país. Mas nós, jogadores, comissão técnica e dirigentes acreditamos que as autoridades criaram protocolos de segurança que vão fazer com que ninguém corra riscos. Isso nos tranquiliza.
O Catarinense não teve fórmula alterada. Como já havia encerrado a fase classificatória, recomeça nas quartas de final e nos jogos contra o rebaixamento. O torneio será encerrado em seis rodadas (ida e volta), e a final está prevista para 26 de julho. Coincidentemente, no domingo imaginado para reinício do Gauchão. E que Minas Gerais definiu para a retomada também.
Compare os números do Rio Grande do Sul com os de Santa Catarina
Quartas de final
Quarta-feira (8)
19h – Criciúma x Marcílio Dias (volta domingo, 11h)
20h30min – Chapecoense x Avaí (volta domingo, 16h)
Quinta-feira (9)
15h – Juventus x Figueirense (volta domingo, 18h30min)
19h – Joinville x Brusque (volta domingo, 21h)
Playoff do rebaixamento
Terça, 14/7
15h – Tubarão x Concórdia (volta 19/7, 16h)
*Colaboraram Filipe Duarte e Roger Silva