Personagem marcante na história do futebol brasileiro, o goleiro Cláudio Taffarel estava em campo na final da Copa do Mundo de 1994, vencida nos pênaltis pela Seleção Brasileira sobre a Itália. O tetra contou com a ajuda dele, que defendeu uma das cobranças na decisão. E, assim como muitos brasileiros, o ex-atleta assistiu à partida reprisada pela Rede Globo no domingo (26).
— Acompanhei todo o jogo no sofá. Lógico que eu já tinha assistido muitos lances, mas não todo o jogo. Aquela coisa de a bola sair pela lateral, esperar a cobrança, a gente não vê. Poder ver a torcida, detalhes que eu nunca tinha visto. A expectativa até os pênaltis foi como se não soubesse o que iria acontecer — contou Taffarel em entrevista ao programa Bola nas Costas, da Rádio Atlântida, nesta segunda-feira.
Na final, depois de um empate em 0 a 0 no tempo normal e também na prorrogação, a Copa de 1994 foi decidida nos pênaltis pela primeira vez na história. Marcado pela narração de Galvão Bueno com o tradicional "sai que é sua, Taffarel", o goleiro viu a primeira cobrança italiana, do zagueiro Baresi, sair por cima do gol. Depois, Albertini e Evani converteram, até que brilhou a estrela do gaúcho.
— O Massaro, em 1994, jogava no Milan. Eu enfrentei ele na última rodada do Italiano daquele ano. Se o Reggiana perdesse, estaríamos rebaixados. Saímos ganhando e no fim o Massaro deu um chutaço de dentro da área e fiz defesa impressionante. Ali começou essa sina com o Massaro — brincou Taffarel, que defendeu a cobrança do ex-atacante e ainda viu o craque do time, Roberto Baggio, chutar para fora antes de comemorar o tetra brasileiro.
No domingo, enquanto assistia ao jogo, conversava com antigos companheiros daquela campanha de 1994. Um deles, o volante Mauro Silva, foi criticado por Galvão Bueno, narrador da Globo, em alguns momentos do jogo — o que rendeu gozações com o amigo.
— O Galvão dá entusiasmo para qualquer narração. Ele põe o coração mesmo. Mas não pode ir muito atrás dele também. Na hora do jogo, eu estava no celular falando com o Mauro. Quando ele metia pau, eu mandava mensagem: "ouviu, Mauro?". Ele dizia que o Galvão estava caduco. Nos pênaltis, sobrou para mim também. Ele mandava eu me mexer — conta, aos risos, antes de completar:
— Alguma coisa ele até tinha razão, porque eu estava ansioso, me mexendo bastante, porque eu queria ajudar o time.
Aos 53 anos, hoje Taffarel é treinador de goleiros da Seleção Brasileira. Ele, inclusive, aproveitou para elogiar a formação de atletas da posição no Brasil.
— A gente nunca teve grandes problemas com goleiros. Mesmo o Waldir Peres, que muita gente fala que em 1982 não tinha goleiro, ele não falhou. Era tudo problema de marcação. A crítica sempre foi muito forte aqui no Brasil. E se tu é criticado aqui, é lá fora também. Mas a nossa escola sempre foi boa, muito técnica, por isso muita gente vem buscar goleiro aqui — destaca.
Ídolo do Inter, onde iniciou sua carreira, em 1985, Taffarel fez questão de ressaltar o bom trabalho feito pelo clube com seus goleiros — e não deixou o rival Grêmio de fora.
— O Alisson sai daqui e vira o melhor do mundo. Qual a base dele? O Inter. O Lomba mesmo não era um grande goleiro, mas treinou bastante e hoje é um baita goleiro. O Grêmio também faz um bom trabalho, agora com o Mauri, antes com o Rogerião. O clube tem até mesmo o Phelipe Megiolaro, que tem muito futuro. Vai ter de esperar a oportunidade, mas tecnicamente é muito bom. A nossa escola é boa mesmo — finalizou Taffarel.