O promotor Eugênio Paes Amorim enviou, nesta sexta-feira (13), ofício à Polícia Civil para abertura de inquérito para investigar o caso envolvendo um torcedor do Grêmio que ficou ferido após ser atingido por brigadianos a cavalo antes do Gre-Nal pela Libertadores da América, ocorrido na quinta-feira (12), na Arena. No documento, o promotor afirma “que se vislumbra, em tese, tentativa de homicídio qualificado por policiais militares a serem identificados”. Requisita ainda que, após a investigação do fato, o caso seja encaminhado “ao juízo do Tribunal do Júri”. O ofício foi encaminhado para a diretora do Departamento de Homicídios da Polícia Civil.
Um vídeo que circula nas redes sociais mostra o torcedor gremista sendo atropelado por cavalos conduzidos por brigadianos. Em outro vídeo, o torcedor aparece desorientado, sangrando bastante e sem que fosse socorrido pelos policiais.
GaúchaZH conversou com a vítima, que pediu para não ser identificada, após ser atingida pelos cavalos. Acompanhado de três amigos, com um corte grande no supercílio e ferimentos na cabeça e braços, disse que os policiais “jogaram os cavalos pra cima”.
— Nós não fizemos nada e eles jogaram os cavalos — disse o torcedor indignado e sangrando bastante à reportagem, pouco antes de buscar atendimento em uma ambulância próxima.
O fato ocorreu durante tumulto na chegada dos torcedores colorados à Arena. Por volta de 18h40min, os coletivos chegavam escoltados pela Brigada Militar. Bombas de gás lacrimogênio foram lançadas por policiais. Em função do gás, começou uma correria pela Rua Padre Leopoldo Brentano. Alguns torcedores gremistas chegaram a cair uns em cima dos outros. Alguns ficaram com falta de ar, além dos olhos lacrimejando.
A Promotoria do Torcedor encaminhou o caso para apuração da Promotoria Militar para apuração na esfera da Justiça Militar.
O que diz a Brigada Militar
O comando do 4º Regimento de Polícia Montada (RPMon) informa a instauração de sindicância para apurar a conduta dos PMs. O tenente-coronel José Carlos Pacheco, comandante do 4º RPMon, diz que a apuração será um procedimento administrativo, apesar do caso ter sido considerado um acidente, para rever a ação e evitar futuros problemas semelhantes. Além disso, o atropelamento será motivo de reunião entre os integrantes do regimento com o objetivo de detalhar todos os procedimentos. Pacheco disse que o grupo foi acionado para dispersar torcedores que, segundo ele, atiravam pedras em ônibus que chegavam na Arena com a torcida do Inter.
— No momento do atropelamento, a vítima caminhava olhando para os coletivos e não teria visto os cavalos. O homem não estava atirando pedras e, por algum motivo, também não ouviu o barulho dos cascos no solo. Esse fato fez com que todos dispersassem, menos ele — explica Pacheco.
Pacheco diz ainda que um major e um capitão do 4º RPMon foram ao hospital conversar com o torcedor e explicar a situação. Eles pediram desculpas pelo atropelamento e informaram que manobras adotadas como a que ocorreu na Arena — com cavalos em grupo avançando em galope na mesma direção — não há tempo suficiente para uma manobra rápida. O militar ainda afirma que um dos PMs, após o grupo conseguir voltar da ação, foi ajudar a vítima e confirmou que os amigos do torcedor já haviam prestado socorro.