O Inter e a Arena do Grêmio ofereceram estruturas físicas para o combate à pandemia de coronavírus no Rio Grande do Sul. A área dos clubes pode ser necessária caso a demanda por leitos extrapole a capacidade oferecida pelos hospitais de Porto Alegre. A Capital possui 7,5 mil leitos de internação e 600 de UTI adulto, entre públicos e privados.
A Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre confirmou que tem recebido oferta de diversos espaços da Capital para montar hospitais de campanha pensando no aumento de pacientes com coronavírus. O Inter ofereceu o Gigantinho e o Centro de Eventos do Beira-Rio para a instalação de leitos provisórios.
— O Internacional sempre estará disponível para a sociedade em ações como esta. Quando o vírus começou a se alastrar, contatamos a prefeitura e o governo do Estado, colocando o clube à disposição. Assim que formos solicitados, vamos ceder a chave desses espaços para que a prefeitura e órgãos competentes façam uso — afirma o vice-presidente de administração do Colorado, Victor Grunberg, explicando que já estão sendo planejadas ações de isolamentos destas áreas para agilizar a cedência.
A OAS, em nome da Arena do Grêmio, encaminhou nesta segunda-feira (23) um ofício ao comitê de crise do Governo do Estado disponibilizando a estrutura para o que for necessário. Não foram divulgados, porém, detalhes de que forma a estrutura do estádio poderia ser utilizada. O presidente do Grêmio, Romildo Bolzan, que testou positivo para a covid-19, afirmou que o clube apoia a iniciativa da Arena. Diretor de operações da Arena, Paulo Rossi explica que esta é uma decisão que passará pela avaliação dos órgãos públicos caso o espaço seja requisitado para uso de atendimentos de saúde:
— Eles que iriam avaliar como utilizar melhor o espaço.
O diretor de Atenção Hospitalar e Urgência da Secretaria Municipal de Saúde, médico João Marcelo Lopes Fonseca, explica que o alerta vermelho será aceso quando a ocupação dos leitos de UTI chegar próxima ao limite na Capital. A partir daí, serão buscadas áreas dentro dos hospitais, como salas de recuperação e estruturas de enfermaria, que possam receber mais leitos de terapia intensiva. Quando isso acontecer, áreas de leitos internação poderão ser instaladas fora dos hospitais.
Até as 15h de segunda-feira, seis pacientes com covid1-19 estavam em UTIs em Porto Alegre.
— A cada 24 horas estamos revendo toda situação. Precisamos de mais uns dias para ter convicção de quando espaços externos à hospitais seriam necessários. Isso pode acontecer daqui a uma semana ou daqui a um mês. E pode nem acontecer, num cenário mais otimista. A adesão da população às medidas de isolamento social agora é que determinará o cenário futuro. O nosso objetivo é que a doença evolua lentamente para dar tempo para as estruturas hospitalares se adaptarem — afirmou Fonseca.
O médico explica que é necessária cumprir uma série de protocolos para instalar leitos de internação fora de um hospital. Segundo ele, a área física é tão importante quanto estabelecer condições e cuidados inerentes a prática hospitalar:
— Não podemos correr o risco de criar uma área de sub cuidado, aquém do ideal. Não é só ter uma cama. É preciso profissionais, equipamentos, rotinas, roupa de camas tratada de maneira especial, aplicação de medicamentos.
O médico ressalta que a implantação de leitos fora de hospitais precisa ser uma ação planejada e racional, na medida em que forem esgotando as condições ideais nas instituições de saúde. Os novos espaços seriam direcionados para pacientes que não apresentam casos graves da doença.
— Uma área que não é hospital não pode gerar desassistência. Não dá para colocar um paciente num leito mais ou menos. E até o tipo de paciente precisa ser avaliado. Não pode ser enviado para este local um paciente agudo, onde muita coisa precisa ser feita — ressalta João Marcelo Lopes Fonseca, diretor de Atenção Hospitalar e Urgência da Secretaria Municipal de Saúde.
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