Com passadas largas e um ritmo alucinante, o queniano Kibiwott Kandie, 23 anos, irrompeu a linha de chegada no mais espetacular final em 95 edições da Corrida de São Silvestre. A ultrapassagem ocorreu a dois passos do rompimento da fita e a tempo de Kandie bater o recorde da tradicional disputa. O sprint do queniano garantiu 42 minutos e 59 segundos de prova, 13 segundos a menos do que a menor marca anterior, registrada por Paul Tergat, em 1995.
Kandie começou a acelerar tão logo entrou na Avenida Paulista, último trecho dos 15 quilômetros de prova. À frente dele, com vários metros de folga, seguia impávido o jovem maratonista Jacob Kiplimo, de Uganda. Aos 19 anos e estreando na São Silvestre, Kiplimo mantinha um ritmo intenso, vez por outra olhava para trás para se manter seguro da distância para o segundo colocado e tinha margem para quebrar o recorde da corrida.
A narração do locutor Cleber Machado, da Rede Globo, já assegurava:
— Agora é a briga do Kiplimo contra o relógio, contra o cronômetro, contra o recorde de Paul Tergat, para simplesmente bater o recorde do maior vencedor da São Silvestre, para entrar com letras maiúsculas na história da prova.
Foi exatamente ao final da frase de Machado que Kandie curvou o tronco à frente, acelerou e, em menos de 25 passadas, tomou a frente do colega ugandense para colher os louros da vitória.
Exausto e incrédulo, Kiplimo baixou a cabeça e repousou as mãos sobre os joelhos. Num instante, era o debutante que bateria o recorde. No momento seguinte, era coadjuvante de um dos momentos mais incríveis do esporte em 2019. Poucos metros adiante, Kandie sentou no asfalto, numa comemoração solitária para um feito tão grandioso.
O terceiro lugar do pódio foi ocupado por Titus Ekiru, da Etiópia. O melhor colocado brasileiro foi Daniel Ferreira do Nascimento, 11º colocado, com o tempo de 46min32s.
Na prova feminina, encerrada pouco antes, não houve surpresa. Atual recordista mundial de maratona, a queniana Brigid Kosgei, 25 anos, liderou do início ao fim. Também estreante na São Silvestre, ela correu com segurança, chegando a manter 200 metros de vantagem das adversárias mais próximas.
Kosgei chegou perto de bater o recorde da corrida, ao cruzar a faixa com o tempo de 48m56s. O menor tempo, contudo, continua pertencendo à também queniana Jemina Sumgong, que marcou 48m35s em 2016. Scheila Chelangat, do Quênia, ficou em segundo. O terceiro lugar do pódio foi conquistado por Titus Ekiru, da Etiópia.