Mais de 40 mil sócios do Boca Juniors terão direito a voto na eleição, neste domingo (8), que poderá ter reflexo no futuro do centroavante colorado Paolo Guerrero. O ingresso do maior jogador da história do clube, o ex-meia Juan Román Riquelme, na chapa de oposição esquentou os ânimos e causou um choque entre alguns dos maiores ídolos xeneizes, incluindo Diego Maradona. Em meio a esta acirrada disputa, o nome do peruano aparece como um ponto de convergência entre os três os candidatos do pleito.
A eleição de domingo é considerada como uma das mais disputadas da história do Boca, o time mais popular da Argentina. Após oito anos no comando do clube, Daniel Angelici terminará seu segundo mandato no final do ano. A continuidade da gestão é representada pela candidatura de Christian Gribaudo. Riquelme é um dos vice-presidentes do oposicionista Jorge Amor Ameal, a principal ameaça para a situação. A terceira via da disputa é representada por José Beraldi.
O choque entre ídolos do clube apareceu após Riquelme anunciar seu ingresso na chapa de Ameal. Fora da eleição, mas com boa relação com a situação, Diego Maradona fez duras críticas a essa posição, incluindo a acusação de que Riquelme teria recebido dinheiro para ingressar na lista oposicionista.
— Como nunca antes na história do Boca, essa eleição tem reunido muitos ídolos da história do clube se enfrentando. O maior (duelo) deles é entre Riquelme e Maradona. Mesmo sem estar em chapa, Maradona está ao lado da situação. Os dois ex-camisas 10 do clube se enfrentam com o peso que tem cada um, Riquelme como o maior ídolo do clube e Maradona como maior ídolo do país — destaca o jornalista do Diário Olé Sergio Maffei.
Mas não apenas Riquelme e Maradona manifestaram apoio na eleição. Candidato menos cotado no pleito, José Beraldi anunciou que o ex-centroavante Gabriel Batistuta terá um lugar em sua eventual diretoria. Outros nomes importantes da história xeneize, como os colombianos Óscar Córdoba e Jorge Bermúdez e os ex-meiocampistas Sebastián Battaglia e Blas Giunta também tomaram posição no pleito.
— Essas eleições reuniram os ídolos do Boca como nunca houve antes — completou Maffei.
Em meio ao caos político, o nome de Paolo Guerrero aparece como unanimidade entre os candidatos na eleição. De acordo com a imprensa argentina, o atual gerente de futebol do clube, Nicolás Burdisso, já iniciou negociações com o peruano. Oposicionista, Riquelme confirmou que conversou com o centroavante do Inter e disse ter ouvido de Guerrero sobre o desejo de vestir a camisa azul e amarela.
— O Guerrero me convidou para jogar uma partida beneficente para uma criança no seu país. Eu perguntei se ele gostaria de jogar no nosso clube, e a resposta foi que sim, que qualquer jogador gostaria de jogar na Bombonera. Foi isso que conversei com ele — contou Riquelme, em entrevista ao canal TNT Sports.
O terceiro candidato da eleição, José José Beraldi., também manifestou publicamente o seu desejo de contar com Paolo Guerrero. Beraldi tem Luiz Felipe Scolari como seu técnico para 2020, caso seja eleito. Felipão já teria aprovado a contratação de Guerrero, de acordo com informação do colunista de GaúchaZH José Alberto Andrade.
— As eliminações recentes para o River Plate são imperdoáveis para a torcida do Boca e trazem a necessidade de uma reformulação esportiva. Isso levou Paolo Guerrero a se tornar um troféu que querem todos os candidatos. Riquelme falou com ele, Burdisso fez contatos para contratá-lo, enquanto o terceiro candidato, o José Beraldi, também tem interesse nele. O Guerrero conseguiu a união que o Riquelme não conseguiu entre os candidatos — observa o jornalista Sergio Maffei.
Influência na política nacional
Clube de preferência de cerca de 40% dos argentinos, o Boca Juniors tem impacto também na política nacional. Não por acaso o atual presidente argentino, Maurício Macri, teve sua carreira política impulsionada pelos 12 anos em que comandou o Boca e levou o clube ao seu período mais vitorioso.
Derrotado por Alberto Fernández na sua tentativa de reeleição em outubro passado, Maurício Macri segue ligado ao grupo e situação do Boca Juniors. Em razão disso, uma vitória da oposição na eleição do clube deste domingo significará mais uma derrota que deverá influenciar no futuro político de Macri.