Vanderlei Luxemburgo não esconde de ninguém que pratica o media training, uma espécie de instrução que assessores fazem com assessorados para evitar problemas em entrevistas. Ele mesmo popularizou o termo com a metáfora: “Você me pergunta sobre bananas e eu respondo sobre laranjas”. Pois desta vez, o repórter vítima da estratégia... fui eu.
Na entrevista coletiva após o jogo de seu Vasco contra o Cruzeiro, perguntei a ele algo que interessasse aos gaúchos, o nosso público majoritário. Afinal, para nós, pouco interessaria saber sobre seu time. Havia pensado em duas perguntas. A primeira, fiz. Pedi desculpa aos colegas por questionar algo fora da pauta do dia, me apresentei como jornalista do Rio Grande do Sul e falei:
— O que o senhor pode dizer, até para os torcedores do Inter, sobre esse time do Cruzeiro que acaba de enfrentar? Encontrou uma equipe mais motivada com a chegada do Rogério? Viu algo diferente que possa servir para o Inter em Porto Alegre?
Ele me olhou e respondeu:
— Cara, você quer me botar numa casca de banana. Volta para Porto Alegre, cara.
Interrompi:
— Isso que não fiz a outra, professor.
Ele:
— E nem vai fazer, porque não vou responder — disse, rindo. — Você me desculpa, mas não vou responder porque não tem a ver comigo. Você comeu quiabo hoje, tá liso (mais risos).
Na saída da sala de imprensa do Mineirão, cruzou comigo de novo. Abriu outro sorriso.
— Pô, professor, me desculpe, mas eu precisava perguntar isso — expliquei.
Luxemburgo se aproximou, me abraçou e emendou:
— Tua pergunta tá perfeita, gaúcho. Entendi tudo. Mas não vou responder, não vou ficar mal com o pessoal. Era casca de banana, não vou cair não.
Ah, para quem quiser saber: a segunda pergunta seria sobre a polêmica Renato x Jorge Jesus sobre o melhor futebol do Brasil, entre Grêmio e Flamengo. Mas daí me dei conta que seria ruim perguntar isso ao treinador do Vasco, né?
Até porque, àquela altura, eu já tinha caído na casca de banana do media training do professor.