SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Chelsea fez nesta terça-feira (6) um pedido público de desculpas pela experiência enfrentada por alguns jovens do clube que foram abusados sexualmente na década de 1970.
Relatório publicado pelo advogado britânico Charles Geekie, especialista em proteção infantil, mostra com evidências de 23 vítimas que o ex-chefe dos olheiros do Chelsea, Eddie Heath, abusou de jovens atletas da instituição com idades entre 10 e 17 anos.
O documento formulado por Geekie também critica a postura do ex-assistente técnico Dario Gradi, acusado de não informar demais funcionários do clube sobre uma alegação de abuso sexual trazida a ele pelo pai de um jovem jogador.
"A diretoria gostaria de agradecer a todos os sobreviventes e vítimas que ajudaram na revisão [do caso] e o clube pede desculpas incondicionalmente pelas terríveis experiências enfrentadas por alguns de nossos ex-atletas", afirmou o Chelsea em comunicado publicado no site oficial.
"É evidente pelo relatório que [Eddie] Heath era um perigoso e prolífico abusador infantil. Sua conduta foi além de repreensível", diz a nota.
Heath foi empregado do Chelsea entre 1968 e 1979, quando foi demitido. Ele nunca foi investigado por abuso sexual enquanto viveu.
Das 23 vítimas que prestaram depoimento ao relatório, 15 informaram "sérios abusos sexuais", incluindo um estupro em uma ocasião na qual o chefe dos olheiros estava sozinho com um jovem. Três outras pessoas ouvidas detalharam abusos cometidos na presença de outros atletas.
Uma vítima também recordou que o profissional era conhecido como "pesadelo Eddie" pelos outros jovens atletas e que os jogadores sentiam medo de sua presença física, além da preocupação sobre a influência que o olheiro poderia ter em suas carreiras.
Em outro relatório, encomendado pelo Chelsea à instituição Barnardo's, fundada em 1866 na Inglaterra e que cuida de crianças em situação vulnerável, o texto informa que entre 1982 e 1990 jogadores negros eram sujeitos a manifestações diárias de abuso racial. A Barnardo's também concluiu que o clube, hoje, mantém uma "cultura saudável na qual jovens são encorajados a falar e serem ouvidos" e que suas práticas atuais de proteção em nada lembram a negligência do passado.