Em uma tarde fria de 24 de junho de 1987, a Seleção Brasileira enfrentou o Paraguai, no Estádio Olímpico, em Porto Alegre, em jogo preparatório para a disputa da Copa América, que começaria quatro dias depois, na Argentina.
O time comandado por Carlos Alberto Silva tinha alguns remanescentes da campanha da Copa do Mundo de 1986, no México, como o lateral-direito Josimar, o zagueiro Julio César, os meias Valdo e Silas e os atacantes Müller e Careca. Vinha de bons resultados, incluindo a conquista da Copa Stanley Rous, um triangular disputado na Europa contra Inglaterra e Escócia.
A grande atração para o público gaúcho era Valdo, meia-atacante formado nas categorias de base do Grêmio e que à época era apontado como principal jogador do então bicampeão gaúcho. Diferentemente do que acontece hoje, os Estaduais eram jogados no primeiro semestre e, àquela altura, o Gauchão estava na disputa do hexagonal final.
Mesmo sendo um amistoso, o confronto teve uma taça em disputa. Na comemoração de seus 60 anos, celebrados em fevereiro, a Rádio Gaúcha ofertou um troféu para o vencedor da partida.
O jogo foi marcado por muita confusão, agressões e jogadas duras de ambas as equipes. Ao final da partida, três paraguaios e um brasileiro foram expulsos pelo arbitro José de Assis Aragão. Em uma das tantas confusões, Romerito, capitão do Paraguai e ídolo do Fluminense, agrediu o bandeira Luís Carlos Felix com um chute. A arbitragem foi muito criticada pelas duas equipes e pela torcida, que vaiou o árbitro paulista no intervalo, especialmente pela expulsão do lateral paraguaio Jacquet, aos 44 minutos.
No primeiro tempo, o grande destaque foi o goleiro Roberto Fernández, que travou um duelo com o ataque brasileiro e fez grandes defesas. Com 31 anos, o camisa 1 paraguaio era destaque do Libertad. Cinco anos mais tarde, ele viria atuar no Brasil e seria fundamental na conquista do único título de Copa do Brasil do Inter.
Com um jogador a mais em campo, a Seleção Brasileira pressionou durante toda a segunda etapa e conseguiu abrir o marcador aos 28 minutos, após uma bela combinação entre Valdo, Careca e Müller, que descobriu o gremista entrando na área. Com um leve toque ele venceu Fernández, pai do atual goleiro do Paraguai, Gatito, e fez o gol da vitória do Brasil.
Veja um compacto do jogo aqui.
Uma confusão causada por Dunga ainda gerou mais três expulsões: a do próprio volante, que à época defendia o Vasco, além dos paraguaios Eumelio Palacios e Cesar Zabala. Em meio ao tumulto, o técnico Silvio Parodi chegou a ameaçar tirar sua equipe de campo.
No final, com o 1 a 0 a favor, o capitão da Seleção, Careca, recebeu o Troféu 60 anos da Rádio Gaúcha, entregue pelo então presidente do Grupo RBS, Nelson Sirotsky.
A vitória não foi garantia de um bom desempenho na Copa América. Depois de estrear goleando a Venezuela, por 5 a 0, o Brasil foi goleado pelo Chile, por 4 a 0, e deu adeus ao torneio ainda na fase de grupos.
Confira a ficha técnica de Brasil x Paraguai:
BRASIL
Carlos; Josimar, Geraldão (Julio César), Ricardo Rocha (Ricardo Gomes) e Nelsinho; Douglas (Dunga), Raí (Silas) e Edu Marangon (João Paulo); Müller, Careca e Valdo.
Técnico: Carlos Alberto Silva
PARAGUAI
Roberto Fernández: Juan Torales, Rogelio Delgado, Zabala e Jacquet; Guasch (Eumelio Palacios), Jorge Núñez, Cañete (Félix Torres) e Romerito; Roberto Cabañas (Marcelino Blanco) e Gabriel González (Buenaventura Ferreira).
Técnico: Silvio Parodi
Local: Estádio Olímpico, em Porto Alegre
Renda: Cz$ 3.517.256,00 (cruzado era a moeda brasileira)
Público: 21.954 pagantes
Árbitro: José de Assis Aragão (Brasil)
Assistentes: Luís Carlos Félix e Renato Marsiglia (Brasil)
Cartões amarelos: Jacquet, Cañete e Geraldão
Expulsões: Jacquet, Dunga, Eumelio Palacios e Zabala