Após muita polêmica durante a semana, Vasco e Fluminense entraram em campo, na tarde deste domingo (17), para disputar a final da Taça Guanabara com portões fechados. A determinação veio da Justiça, diante do impasse entre os clubes que brigavam para ter direito a ocupar o setor sul do Maracanã. Mesmo diante da decisão, a torcida do Vasco foi em massa para o estádio, provocando uma confusão generalizada nos arredores. Barrados nos portões, pouco antes do início do jogo, marcado para as 17h, torcedores entraram em confronto e foram repreendidos com gás de pimenta. Quando a partida começou, foi possível ouvir barulho de explosões do lado de fora. Por volta de 30 minutos do primeiro tempo, a Justiça liberou a entrada dos torcedores.
A disputa pelo setor sul do Maracanã parecia ter chegado a um capítulo final na tarde deste sábado (16) quando o presidente do Fluminense, Pedro Abad, admitiu que o clube havia perdido a briga com o Vasco e ficaria no lado oposto. Somente parecia.
Isso porque a Justiça do Rio entrou em ação na noite deste sábado, aceitou pedido dos tricolores, e a desembargadora Lúcia Helena do Passo determinou a final da Taça Guanabara deste domingo (17) sem a presença de ambas as torcidas.
O Fluminense estava inconformado com a postura adotada por Vasco e o consórcio do Maracanã, que ignoraram a presença de um contrato que garante a torcida tricolor no setor sul em jogos no estádio.
O clube das Laranjeiras não contava com apoio de nenhuma das partes interessadas. Nem Ferj (Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro), nem Maracanã e, claro, nem o Vasco.
A diretoria tricolor, no entanto, estava bem embasada juridicamente e conseguiu evitar que a torcida do Vasco ficasse com o setor sul. Enquanto o presidente Pedro Abad concedia entrevista e convocava os torcedores para irem ao estádio, o departamento jurídico do clube fazia o necessário para que o Tricolor carioca não sofresse o revés nos bastidores.
Dessa forma, o Fluminense conseguiu empatar o "duelo". Se ele não pôde ficar com o setor sul, mesmo com contrato justificando a opção, o Vasco também não poderia.
O Maracanã nega o descumprimento do contrato. "O documento firmado entre ambas as partes dispõe de forma clara, no anexo 5, que a torcida do clube poderá ser alocada em outros setores do Maracanã nos casos especificamente em que o Fluminense for visitante, como é o caso da final da Taça Guanabara", escreveram os representantes do estádio em nota oficial.
Após decisão na madrugada deste domingo, o Vasco tentou ajustar a situação para que o jogo tivesse a presença dos torcedores. Em reunião pela manhã, na sede da Ferj, com a participação de Vasco, Fluminense, diretoria da federação, o secretário estadual de esportes, Felipe Bornier, e o procurador do MP, José Carlos Sarmento, ficou decidido que o clássico teria a presença da torcida. Porém, o documento não foi aceito pelo juiz de plantão no Jecrim, que determinou o cumprimento da decisão judicial. Quando a bola rolava em campo, aos 30 minutos do primeiro tempo, a Justiça determinou a entrada dos torcedores.
Entenda o caso
Em 1950, o Vasco foi campeão carioca e ganhou o direito de escolher o lado que sua torcida ficaria no Maracanã. A medida foi respeitada até 2013, quando o estádio passou por reformas e assinou novos contratos com os clubes.
Como Vasco e Botafogo jogam em São Januário e no Engenhão, respectivamente, o consórcio, então, assinou com Flamengo e Fluminense. O clube rubro-negro se manteve no setor norte, enquanto o Fluminense ganhou a possibilidade de oficializar o setor sul — trocava de lado toda vez que enfrentava o Vasco.
Desde então, mesmo sob o comando de Eurico Miranda, o Vasco acatou a nova decisão e passou a ocupar o setor norte em jogos contra o Fluminense.
O problema é que o consórcio está sob nova direção e o novo presidente, Mauro Darzé, não demonstrou muito interesse em reforçar a parceria com o Fluminense, e tomou partido do Vasco desta vez.