Confesso que início de temporada sempre me deu calafrios. Calor de rachar, atletas acima do peso, desentrosamento, derrotas para times sem expressão nos Estaduais. Tudo isso faz parte do cardápio. Mas 2019 começou de uma forma, digamos, mais leve para mim, que, torço pelo Rubro-Negro carioca. Não tanto pelo desempenho inicial no Carioca, duas vitórias e um empate, e sim pela projeção de temporada.
Acompanho o Flamengo há muito tempo. Estava no Maracanã em 1980, no primeiro título brasileiro sobre o Atlético-MG, 3 a 2, sendo arremessado para o alto pelo meu tio Cláudio após o gol de Nunes, no finalzinho. Tinha seis anos. Hoje com 44, mais velho e calejado, minha visão de futebol transcende o campo de jogo. E tornei-me adepto da frase "das coisas menos importantes, o futebol é a mais importante".
Nos últimos seis anos o Flamengo se preparou. Botou a casa em ordem. De 1980 a 2013 ganhou muito, é verdade, mas também perdeu demais, principalmente algo que não se compra, credibilidade. A dívida engordava ano após ano, mas a magia das quatro linhas encobria a irresponsabilidade. Em 2019, a dívida, antes astronômica, é inferior à receita.
Tenho certeza que hoje, nós, rubro-negros, iniciamos o ano mais leves porque não somos mais o time que "finge que paga" e que os jogadores "fingem que jogam". Vamos para a terceira disputa de Libertadores seguida. Temos o Brasileirão (nunca caímos para a Série B) e a Copa do Brasil.
A reestruturação financeira e profissional do clube permitiu a contratação de atletas de destaque em seus clubes, como foram os casos do meia Arrascaeta e dos atacantes Bruno Henrique e Gabigol. Se não é garantia de conquista de títulos, é premissa de elenco forte. A responsabilidade duplica, a inveja de torcedores de outros clubes triplica, a cobrança e ansiedade da nossa própria torcida quadruplicam.
Sou adepto também de outra frase: "Mais importante do que a chegada é o caminho". E esta estrada promete transformar a leveza de agora em uma montanha-russa de fortes emoções.
Ah, pra terminar: Abelão, três volantes, NÃO!