A definição de ‘copeiro’ é dada a todo clube, jogador ou treinador afeito à disputa de competições em formato de mata-mata. É o caso, por exemplo, do Cruzeiro, que nesta quarta-feira à noite pode se transformar no clube mais vencedor da Copa do Brasil, caso supere o Corinthians e chegue ao sexto título (ultrapassando o Grêmio, que tem cinco). No comando da equipe mineira, não poderia haver um treinador melhor indicado. Mano Menezes já conquistou o torneio duas vezes: com o Corinthians, em 2009, e com o próprio Cruzeiro, no ano passado. Se vier sua terceira taça, o gaúcho de Passo do Sobrado ficará atrás somente de Luiz Felipe Scolari, que tem 4 Copas do Brasil: Criciúma em 1991, Grêmio em 1994, e Palmeiras em 1998 e 2012.
— É inegável a capacidade que ele (Mano) tem de entender bem a competição de mata-mata. A cabeça do atleta tem que estar preparada. É clichê, mas cada jogo é uma final – comenta William Machado, que foi zagueiro de Mano no Grêmio e no Corinthnians.
O início da relação entre Mano Menezes e a Copa do Brasil começou ainda em 2004. À frente do 15 de Novembro de Campo Bom, o treinador alcançou de maneira surpreendente a semifinal, superando o Vasco da Gama, com uma vitória por 3 a 0 em pleno São Januário, e que tinha embaixo das traves o hoje ídolo cruzeirense Fábio.
— Já dava para ver que seria um grande treinador, porque é necessário ter visão para contratar bons jogadores e ele montou um bom time, que fez nossa equipe render para chegar às finais. Isso é um grande feito na carreira dele – avalia o goleiro Marcelo Pitol, agora no Brasil de Pelotas.
Quis o destino que aquele mesmo 15 de Novembro causasse sua eliminação dois anos depois, quando o treinador estava à frente do Grêmio. Aliás, no Tricolor, Mano não beliscou a Copa do Brasil. Entretanto, deixou sua marca em outros torneios eliminatórios, conquistando os Gauchões de 2006 e 2007, e alcançando a final da Libertadores. Baseado nisso e na experiência vivida com a Batalha dos Aflitos, o Corinthians buscou-o para montar o projeto que devolveria o Corinthians à elite do futebol nacional. Mano não fez só isso, como também levou o time paulista à decisão da Copa do Brasil de 2008, sendo superado pelo Sport Recife na Ilha do Retiro. Mas no ano seguinte, a taça finalmente seria conquistada diante do forte Inter de Tite dentro do Beira-Rio.
— Aquela equipe tinha o sistema defensivo como uma marca. Ali se construiu uma ideia e modelo de jogo. O Corinthians é tudo o que é hoje porque entendeu que aquilo dava certo e trabalhou para construir em cima daquela base – analisa William Machado, capitão daquela equipe campeã em 2009.
Nesta noite, em São Paulo, se reencontram criatura e criador. Ou seja, o Cruzeiro de Mano Menezes e o Corinthians, hoje sob o comando de Jair Ventura, mas com a filosofia de jogo de Mano Menezes. E tudo isso, em uma competição que Mano se sente à vontade: a Copa do Brasil.