No domingo, completou 29 anos do desastre de Hillsborough, maior tragédia esportiva da história da Inglaterra. Quase 100 torcedores do Liverpool morreram esmagados nas arquibancadas do estádio antes da semifinal da FA Cup contra o Nottingham Forest. Além da fatalidade, a história ficou famosa pela obstrução de provas e falsos relatórios da polícia que apontavam que os próprios torcedores teriam sido responsáveis pelas mortes.
As vítimas esperaram muito por justiça: apenas em junho de 2017, seis pessoas, incluindo quatro policiais, foram indiciadas pelo ocorrido.
Ficou em segundo plano, porém, o fato de o torcedor mais jovem a morrer naquela tarde ser Jon Paul, primo de Steven Gerrard, que posteriormente se tornaria um dos maiores ídolos da história do Liverpool. Jon tinha 10 anos quando foi morto, um ano a mais que Steven.
Em autobiografia lançada em 2015, Gerrard dedica o capítulo de abertura para relatar o impacto que a tragédia teve em sua vida. Foi o prólogo que trouxe a determinação e a garra para que ele se tornasse jogador de futebol. Ele conta que pensou em Jon Paul em todas as 710 vezes que jogou pelo Liverpool: "Queria vencer por ele". Antes de Steven estrear como profissional, a mãe de Jon disse que o filho estaria muito orgulhoso ao ver o primo vestindo a camisa dos Reds.
Gerrard conquistou muitos fãs por seu talento e pelos inúmeros títulos, é claro. Mas também por nunca ter deixado de jogar pelo time do coração, algo raro nos dias de hoje. Em tempos que o Liverpool volta a estar em alta, é legal relembrar essa história que expressa o lado humano e comunitário desse clube tão apaixonante. No sábado antes da partida contra o Bournemouth, o nome de Jon Paul foi colocado no telão de Anfield ao lado das outras 95 vítimas, em memória do aniversário da tragédia.
Ele não viveu o bastante para ver o primo levantar uma taça da Liga dos Campeões em 2005 como capitão do time que ambos amavam. Mas saiba, Jon Paul: nada disso seria possível se não fosse por você.