Procuradores franceses estão investigando se o banco Société Générale infringiu leis contra a lavagem de dinheiro ao não reportar como suspeita uma transferência de US$ 2 milhões (R$ 6,33 milhões), que seria para compra de votos na eleição que definiu o Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos de 2016. As informações são do jornal The New York Times.
Os promotores enviaram documentos às autoridades brasileiras com os detalhes das transações. No dia 28 de setembro de 2009, a empresa Matlock, do empresário brasileiro Arthur Cesar de Menezes Soares Filho, tentou realizar uma transferência do valor para uma conta do Société Générale em nome de Papa Diack na França. Papa é filho de Lamine Diack, então presidente da Federação Internacional de Atletismo e um dos votantes na eleição que apontou o Rio como sede olímpica. A transferência foi negada, mas, de acordo com os procuradores, o banco deveria ter reportado a tentativa como suspeita a um órgão de controle francês. Um dia depois, o dinheiro foi transferido para contas de Papa Diack na Rússia e no Senegal.
Contatado, o Société Générale negou que tenha cometido qualquer irregularidade.
— Consideramos a luta contra a corrupção e a lavagem de dinheiro como prioridade máxima — afirmou o banco.
De acordo com os documentos enviados pelos procuradores franceses aos colegas brasileiros, a investigação ainda não foi capaz de determinar o "nível de envolvimento do banco".
A suspeita de que a candidatura do Rio comprou votos para sair vitoriosa na eleição da sede olímpica motivou, no início do mês, a Operação Unfair Play, que cumpriu mandados de busca na casa de Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico do Brasil e ex-presidente do Comitê Organizador dos Jogos. A defesa de Nuzman afirma que "toda a jornada da Olimpíada da Cidade do Rio de Janeiro, da candidatura à cerimônia de encerramento, foi conduzida dentro da lei e das melhores práticas financeiras, técnicas, operacionais, esportivas e de comunicação".