![Alejandro Pagni Alejandro Pagni](http://www.rbsdirect.com.br/imagesrc/23753782.jpg?w=700)
* Lucho Silveira é jornalista e analista de futebol argentino
Quando me perguntam sobre o que está havendo com a seleção argentina, me ponho em rápidos segundos de silêncio.
Logo em seguida, suspiro e respondo:
— Não sei, difícil de explicar!
Na verdade a explicação é longa e impossível de colocar em poucas palavras. É um combinado explosivo que vem maltratando o futebol argentino há anos.
Talvez o desencadear de tudo que está acontecendo tenha se dado a partir do falecimento do todo poderoso chefão da AFA, Júlio Grondona. Isso aconteceu depois da Copa no Brasil, em que a seleção "Albiceleste" chegou até a final.
De lá para cá, uma sucessão de erros e um futebol argentino desorientado é o que se vê!
Por favor, não estou enaltecendo o Grondona, apenas estou colocando como um marco para iniciarmos a conversa.
Nesses praticamente quatro anos de uma Copa para outra, a AFA teve três presidentes (e uma eleição fraudada), um campeonato local com absurdos 30 clubes na primeira divisão, uma meia dúzia de centroavantes camisa 9 e três treinadores diferentes.
Todo esse combo está ajudando a seleção a naufragar em uma eliminatória de pontos corridos e com 18 jogos para alcançar o que parecia ser quase uma barbada, a vaga para a Copa da Rússia.
Tirar a culpa dos jogadores? Nem pensar... Eles têm culpa no cartório também! Junto com a falta de empatia de Tata Martino, a ausência de comando do Bauza e as extravagâncias do Sampaoli, a seleção vai deixando o sentimento de pertencimento, luta, entrega, muita qualidade técnica e HUEVOS, para quem sabe entrar para história como um estrondoso fracasso.
Messi pode encerar sua trajetória na seleção sem nunca ter ganhado um grande título, muito por culpa da falta de um parceiro, um sócio para decolar. Sozinho, o fardo mostrou-se pesado demais para ele que nessa caminhada chegou a renunciar ao selecionado.
Com essa intenção, inúmeras tentativas foram feitas e nenhuma surtiu efeito. Dos “amigos de Messi” até jovens estreando e passando por jogadores locais, a seleção jamais deu ao camisa 10 o que ele esperava.
Essa questão é, para mim, possivelmente a mais importante para explicar o motivo de as coisas não andarem bem por lá. Na parte técnica a seleção não anda muito por conta disso, a falta de um "casamento" para o 10.
Mesmo assim não imagino uma Copa sem a Argentina! Não consigo pensar em como seria comercialmente para a parceira de material esportivo da Fifa e da Argentina não ter o seu principal garoto propaganda na Rússia.
Não imagino as cadeiras dos estádios por lá sem a festa hermana, não imagino uma nação como a Argentina sem sua representação no Mundial.
Eu creio na seleção ainda, creio nos milagres, no Messi, na mística.
Depois? Bem... Depois é depois! Agora HAY QUE GANAR!