Para o carioca Philippe Coutinho, 25 anos, reconquistar o coração dos torcedores do Liverpool tem sido tarefa mais fácil do que garantir uma vaga na Seleção Brasileira. A relação com o clube inglês, abalada na janela de agosto, quando o jogador esteve próximo de se acertar com o Barcelona, tem sido reconstruída dentro de campo com gols. O jogo contra a Bolívia, nesta quinta-feira, em La Paz, é uma oportunidade para a definitiva afirmação junto a Tite.
Depois de Brasil e Colômbia, em Barranquilla, Coutinho reapresentou-se ao técnico Jürgen Klopp e, em poucos dias, comandou o Liverpool na vitória por 3 a 2 contra o Leicester, com um gol e uma assistência. Voltaria a marcar contra Newcastle e Spartak, pela Liga dos Campeões. Bastou para a torcida trocar a raiva pelo amor.
— Havia uma sensação de amargura entre os torcedores pela vontade que ele demonstrou de ir embora de um clube que o acolheu tão bem. O torcedor do Liverpool é muito orgulhoso de seus títulos na Liga dos Campeões— observa o jornalista inglês Tim Vickery, correspondente da BBC no Brasil, que completa: — Ele já foi perdoado.
Na Seleção, ganhar um espaço é mais difícil, ainda que Tite o considere um jogador talentoso. Contra Equador e Colômbia, Coutinho só foi chamado no segundo tempo, no lugar de Renato Augusto. No primeiro jogo, disputado a poucas horas do fechamento da janela de transferências e ainda na expectativa de trocar a Inglaterra pela Espanha, saiu do banco para marcar o primeiro gol, em jogada de alto brilho técnico construída em parceria com Gabriel Jesus.
Apesar de confirmá-lo para enfrentar a Bolívia, Tite deixou aberta a disputa com Willian, do Chelsea.
— O sistema de jogo é parecido. Tenho um mais vertical e agudo, que ataca os espaços, que é Willian, e outro mais construtor, Coutinho. São duas possibilidades muito fortes — destaca o treinador.
Para Marcelo Barreto, apresentador do SporTV, Coutinho conta com vaga garantida no time. Sua única dúvida é saber se seu rendimento será melhor no modelo 4-1-4-1, em que atua pela direita, como hoje, ou centralizado, no sistema 4-2-3-1. O jornalista entende que Tite, ao trocar duas vezes Renato Augusto por Coutinho, passou um recado de que há uma disputa aberta em seu time para a Copa.
— O campo fala. Tite é muito ligado a desempenho. E o time melhorou com Coutinho. Eu não tenho a menor dúvida de que ele é um dos titulares deste time — afirma Barreto.
Treinador de futebol com passagem por Inter, Santos e Atlético-MG, Alexandre Gallo sorri ao afirmar que, para quem está do lado de fora, é muito fácil opinar sobre o que Tite deve decidir. Ainda assim, não deixa de avaliar as qualidades de Coutinho e sua importância para a Seleção Brasileira:
— Ele é um jogador excepcional, cerebral, daqueles que arrumam o time. Faz muito bem a transição meio-ataque. E ainda tem uma química muito forte com Neymar, os dois se procuram em campo.
A admiração de Vickery pelo garoto-prodígio criado no Vasco e vendido com apenas 18 anos a Inter de Milão não é suficiente para considerá-lo um titular absoluto.
— Ele é muito importante para a Seleção Brasileira por exercer dois ou três papeis. Pode ser um eventual substituto de Neymar e Renato Augusto e atuar pelo lado direito, na hipótese de ganhar em definitivo a vaga de Willian— analisa.
Coutinho em números
Pelo Liverpool (em 2017)
- 6 jogos
- 431 minutos
- 3 gols
Pelo Liverpool (desde 2013)
- 141 jogos
- 36 gols
- 30 assistências
Pela Seleção Brasileira
- 29 jogos
- 8 gols
Valor de mercado
Segundo o Transfermarkt, Philippe Coutinho vale 45 milhões de euros (R$ 165,6 milhões). Em 2013, foi vendido da Inter para o Liverpool por 9 milhões de euros