A gaúcha Mayra Aguiar, 26 anos, transbordava felicidade ao exibir sua nova medalha de ouro no saguão do Aeroporto Salgado Filho. Após conquistar o bicampeonato sexta-feira no Mundial de Budapeste, na Hungria, na categoria até 78kg, a judoca desembarcou na manhã de ontem na Capital com festa de familiares, amigos e colegas da Sogipa.
Depois, desfilou em carro aberto pelas ruas da cidade. Ao lado de Érika Miranda, que conquistou a medalha de bronze na categoria até 52kg, Mayra foi recebida por vários judocas mirins da Sogipa e ganhou até uma coroa. Antes mesmo de sair pelo portão, ela pôde ouvir o coro:
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– Mayra, Mayra, Mayra!!
Depois, foi carregada nos ombros do portão do aeroporto até o carro dos bombeiros que a esperava. Ali, a recepção ganhou tons ainda mais festivos: uma bateria de fogos de artifício foi estourada e funk, em alto e bom som, embalou a festa. Esta, inclusive, foi a trilha sonora que marcou a conquista em Budapeste.
– Eu estava bem no ritmo de funk (risos). Eu vario bastante de música. Mas eu estava bem animada na hora, a competição foi com este ritmo mesmo. Se pensasse onde queria estar naquele momento, era ali mesmo, suando, dando o máximo de mim. Mesmo com o corpo doendo, fui até o fim – sorri a bicampeã.
A recepção foi mais calorosa do que a de 2014?
Com certeza, foi maravilhoso. Sempre quando a gente volta para cá e tem uma recepção assim é demais. Estar com tua família, amigos, com as pessoas que acompanham e que gostam de ti, as crianças com o olho brilhando. Isso é muito bom, muito prazeroso. Acho que te motiva muito mais a continuar.
O quanto tua conquista pode ajudar o judô a se expandir no país?
Acho que muito. Depois da Olimpíada, tivemos um crescimento muito grande com escolinhas de judô, na própria Sogipa também, crianças entrando. Nem se for só para a parte competitiva, mas o esporte traz uma coisa muito boa, união, um espírito de confraternização, de disciplina, de garra. As pessoas levam isso para a vida delas. Quanto mais gente puder praticar e eu puder inspirar eles a praticarem esporte, vou ficar muito feliz com isso.
Como foi sua estratégia para vencer a japonesa na final?
Eu já tinha lutado com ela uma vez e perdido. Teve um treinamento antes do Mundial e eu estudei bastante cada adversário. Treinei com todos, ela foi uma que eu treinei bastante. E eu já tinha jogado ela no treino com aquele golpe e sabia que podia funcionar. Foi uma luta muito dura, uma atleta muito forte, canhota também. Por isso, a gente ficava dividindo posição. Quando chegou no golden score, encaixei o golpe e derrubei de wazari. Foi uma alegria enorme.
E a comemoração do título, como foi?
Não consegui comemorar muito. Eu estava muito cansada, com o corpo bastante dolorido. E o pessoal ia lutar nos outros dias também. Por isso, não teve muita comemoração. Agora, voltando para casa, mais descansada, dá para comemorar um pouco. Na hora, falei com meus pais, estavam muito felizes, acompanharam desde a primeira luta, bem empolgados. Depois, liguei para o Kiko (Antonio Carlos Pereira, treinador da Sogipa), o João Derly, que me inspirou muito.
O João Derly foi teu grande exemplo para chegar a este momento?
Com certeza. Entrei na Sogipa com 11 anos, ajudei ele na época do primeiro Mundial e depois também do segundo, de sparring, a cair para ele. Eu saía da escola, ia lá e ajudava. Eu via o quanto ele se esforçava. E pude ver ele ser bicampeão mundial também. Ter uma realidade assim tão perto me ajudou, me inspirou. Se eu puder passar inspiração para essa gurizada que a gente treina junto, vai ser muito gratificante.
Depois de dois títulos mundiais, agora teu objetivo é o ouro olímpico?
Com certeza. Sou muito satisfeita com tudo que eu tenho. Se tivesse que parar hoje com o judô, Deus me livre, eu ia estar muito feliz com tudo que vivi. Toda a trajetória, suor no tatame, amigos que eu fiz, uma história muito bonita. Mas o ouro é um objetivo meu. Não um sonho, porque parece algo mais distante de alcançar. É um objetivo de carreira conseguir esta medalha. Mas não é uma coisa que me consome, que me pressiona. É coisa gostosa, um objetivo bom.
Quais são teus próximos passos para se manter na liderança do ranking?
Vamos por etapas, depende de como o corpo vai se recuperar. Tem mais três competições que eu devo fazer este ano, ainda não está certo. Uma no final de outubro e duas em dezembro: os Grand Slams e o master. Já tenho objetivos traçados, vamos fazendo pouco a pouco. Agora é voltar, comemorar, se recuperar e colocar a cabeça no lugar. Eu volto deste mundial com muita vontade, mais motivada. Vou entrar no tatame e dar meu melhor para buscar estes objetivos.
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