Foi quase uma vigília. Eram apenas nove meninas e um adolescente, mas um amor incondicional por Neymar que nem o PSG conseguiria comprar. E olha que o PSG tem dinheiro que a gente nem imagina que exista. Mas é menos do que a devoção ao ídolo mostrada por esse pequeno grupo diante do Radisson Hotel neste primeiro dia de Seleção Brasileira em Porto Alegre.
Keyssi Aires, 19 anos, foi a primeira das meninas a chegar. Na verdade, veio no domingo (27). Fez plantão das 16h até as 20h. Só que Neymar só viria na segunda-feira pela manhã. Ela voltou para casa, dormiu e desviou o caminho da rotina normal de trabalho e cursinho pré-vestibular para estacionar em frente ao hotel. Saiu da Glória, na Zona Leste, e se tocou para os altos do Mont'Serrat. Chegou quando a neblina ainda escondia Porto Alegre às 9h30min, acompanhada de uma amiga. Que precisou sair antes do meio-dia para o estágio no Tribunal de Justiça.
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Mas Keyssi não ficou sozinha. Pouco depois das 9h30min, Larissa Ferreira, 20 anos, chegou para engrossar a turma do fã-clube do qual elas fazem parte. Ao total, elas são em sete meninas. Acompanham Neymar desde 2010, quando ele começava a despontar no Santos. De tanto se encontrarem no aeroporto e diante dos hotéis à espera do ídolo, criaram o fã-clube e um grupo de WhatsApp.
O círculo é fechado. Deu para perceber diante do hotel que Keyssi e Larissa não se misturam com as demais fãs. Durante a entrevista, Keyssi suspirou em voz alta:
– Acho que ele não virá aqui nos atender. Tem muito pouca gente.
Do lado oposto do gradil, uma menina reagiu:
– Não pode pensar assim, tem de ser positivo. Se pensar assim, ele não vem mesmo.
A resposta de Keyssi foi o silêncio. E um olhar fulminante antes de seguir discorrendo sobre Neymar. Ela sabe tudo sobre o craque. E sobre quem o cerca.
– E a Bruna Marquezine? – provoquei.
– Não gosto muito dela. Mas, se ele está feliz, a gente está feliz.
– Ela participou de uma novela há pouco, não? – insisti, inoportuno.
– Não sei, não vejo muito novela. Também não sou muito fã dela – encerrou a Keyssi.
Por causa de Neymar, ela cobra até hoje uma dívida do pai. No dia 29 de setembro de 2012 (a data está registrada na memória dela), então com 14 anos, ela convenceu-o a levá-la para um plantão no hotel que hospedava o Santos. Pai é pai. Ele foi. Mas pai também tem outros afazeres. Quatro horas depois, eles convenceu a ir embora do hotel. Pois, duas horas depois, Neymar desceu para a janta e tirou fotos, deu autógrafos e fez a festa das fãs.
– Até hoje, eu cobro do meu pai – conta Keyssi, uma dose de mágoa na voz.
Larissa estava lá e exibe a foto com o ídolo como um troféu. Mas desde esta segunda-feira não terá do que se vangloriar diante da migo. Às 14h40min, os jogadores deixaram o hotel para embarcar no ônibus. Todos pararam. Até que Neymar despontou no saguão do hotel. A gritaria teve agudos estridentes.
Neymar saiu ondulando o corpo do hotel e se dirigia ao ônibus quando mudou o rumo de forma brusca e foi até os torcedores. Atendeu uma a uma às fãs. Que choravam e gritavam. Keyssi e Larissa estavam do lado oposto do gradil. Até que chegou a hora delas. Ficaram tão nervosas que nem conseguiram falar. Também não sei se o craque ouviria, afinal usava um chamativo fone de ouvido azul. Neymar foi solícito e, sorridente, fez a festa das fãs. Que tremiam e se abraçavam enquanto ele se distanciava.
Os outros fãs também se abraçavam e comemoravam os segundos com o ídolo. Só pararam quando Alisson apareceu. Aí voltaram para o gradil e gritaram com vigor. O goleiro deu um aceno discreto e sorriu. As meninas não se incomodaram com isso. Tanto que voltaram a se abraçar e a chorar. O que elas queriam, haviam conseguido: ganhar a atenção de Neymar. Mesmo que por segundos.
*ZHESPORTES