O adversário do São José-POA na busca por vaga na Série C enfrenta dois problemas para o jogo de sábado. O primeiro é de logística. A CBF disponibilizou um voo que deixa Rio Branco na Sexta-feira à tarde e só desembarca em Porto Alegre de madrugada de sábado. A outra preocupação é com o clima. Conversei com o presidente do Atlético-AV, Elison Azevedo, 42 anos, por telefone.
Quem é o Atlético-AC?
O clube foi fundado em 1952. Assumimos faz dois anos. Em 2016, nem iríamos disputar as competições. Tivemos uma conversa com o presidente e pedimos para assumir o futebol. Eu, o técnico Álvaro Migueis e um grupo de amigos, todos colegas de faculdade, cursamos Educação Física juntos. Ele nos passou o clube por procuração. Fomos campeões estaduais, hoje somos bi, e ficamos 26 jogos invictos, até perder para o Moto Clube em casa e cair nesta mesma fase da Série D.
O técnico é seu amigo de faculdade?
Sim, ele faz parte do grupo que está comigo no clube. Um dos nossos era o médico Márcio Koury, que estava na Chapecoense e morreu naquele trágico acidente na Colômbia. Sempre que vinha a Rio Branco visitar, nos cobrava que tínhamos de organizar e fazer futebol forte no Acre.
Como foi essa história de assumir o clube por procuração?
Nosso projeto é antigo, de estimular o futebol no Acre. Não estávamos tendo oportunidade. Até que fizemos a proposta ao presidente do Atlético-AC no início de 2016, de assumir tudo, a folha salarial, as dívidas. Ele passou a procuração e, no fim do mandato dele, em dezembro, nos elegemos;
Qual é a folha do clube?
É quase nada perto do que se gasta aí no Sul. Nossa folha é de R$ 70 mil. Todos os jogadores são aqui da região, a maioria passou pela base com o nosso técnico. Demos prioridade para quem é daqui, como meio de fortalecer o futebol do Acre. Só temos dois jogadores de fora, o centroavante, Rafael, que veio de Roraima, e o goleiro, Miller, emprestado pelo Santa Cruz-PE.
O clube é uma espécie de Athletic Bilbao do Norte, só aceita locais?
(Risos)Mais ou menos isso. Nossa visão é de que temos potencial para desenvolver o futebol. Nosso grande problema é geográfico. Queremos mostrar nossos valores, dar visibilidade ao futebol acreano. Por isso, temos só dois de fora do Estado.
Como está sendo preparada essa travessia do Brasil para jogar aqui?
Estamos com problema sério de logística. Até agora, o voo reservado pela CBF sai daqui na sexta-feira, meio-dia (14h em Porto Alegre). Tem escala em Boa Vista e conexão em Brasília. A previsão de chegada é 23h45min, pelo horário local. Até desembarcar, entrar no hotel e jantar, vai ser 2h de sábado. Ou seja, 14 horas antes do jogo. Estamos tentando mudar para sair daqui na quinta-feira e treinar à noite. E tem o frio. Como está o clima aí?
Aqui, agora, está 25ºC. Temos um verão no inverno.
Mas vi a previsão para sábado, entre 10º e 20º. Com 20ºC, batemos queixo. Para ter uma ideia, aqui, agora, está 38ºC. Nem temos roupa de frio. Nosso diretor está em São Paulo e vai tentar comprar umas camisetas térmicas para os jogadores. Se não conseguir, vamos ter de providenciar aí mesmo em Porto Alegre. Por tudo isso, o São José é favorito. Mas somos guerreiros. Está no nosso sangue acreano.