Que esquema tático, escalação, técnico, nada. Do que precisávamos para disputar a Série B com dignidade finalmente apareceu ontem em campo, na vitória fundamental contra o Oeste por 2 a 0: o sal grosso jogado no campo verdejante do Beira-Rio para espantar a má fase. Sério.
Claro que precisamos de esquema tático, escalação e técnico adequados para jogar com a grandeza do Inter.
Mas, para jogar a Série B, também é preciso abraçar a Série B. Perder a vergonha de jogar contra times cuja folha salarial representa menos do que o contracheque de um único colorado.
Dar carrinho na lama, chegar junto em todas, jogar sal grosso no gramado.
Poderíamos retomar, também, as balinhas de mel que eram lançadas na pista do estádio algumas décadas atrás. Contratar bons jogadores, sim, mas também deixar um santo atrás do gol e chutar de bico. Ajeitar o esquema de jogo, mas exigir que nenhum atleta apareça de uniforme limpo no vestiário após o jogo. Sujo de grama, barro e sal.
Precisamos, todos, abraçar a Série B com tudo que a caracteriza de uma vez por todas. Futebol é folclore, esquema tático, reza, planejamento, coragem e loucura. Bem-vindo ao time, sal grosso. Que as balas de mel te acompanhem na próxima.
Emprego ingrato
Ser treinador é uma profissão de risco no Brasil, mas pior ainda é ser técnico no Beira-Rio. As mudanças de técnicos, todos diferentes uns dos outros, deixaram o Inter sem característica de jogo. Por isso, fica ainda mais difícil um técnico dar certo aqui.
*Diário Gaúcho