Há um ano, o Rio Grande do Sul vivia um período mais do que especial, guardado na memória de milhares de gaúchos que acompanharam a passagem da Tocha Olímpica pelo Estado.
O símbolo de paz e união entre os povos foi conduzido em solo gaúcho por 617 pessoas, percorrendo 2,5 mil quilômetros em sete dias. Como então secretário estadual do Turismo, Esporte e Lazer, acompanhei de perto o cortejo olímpico nos 28 municípios que participaram desse momento histórico para todos nós. Ainda lembro como se fosse hoje a emoção de crianças, adultos e idosos.
Tudo era mágico. Foram vários os episódios do revezamento que ficaram marcados e que ilustram exatamente o espírito que a Tocha representa desde que foi instituída, remetendo aos rituais e tradições originais das Olimpíadas da Antiguidade. Em Rio Grande, o maratonista Vladmi dos Santos superou sua deficiência visual e, emocionado, finalizou o evento na cidade. Sem conter as lágrimas, foi ovacionado por quem o assistia, que reconhecia todo o seu esforço.
Em Encantado, um simpático senhor com mais de 90 anos não conteve sua alegria de poder ver a chama e comentava que, depois do feito, sua vida estava completa. "Esse é o momento mais belo que vivi até hoje", exaltava ele, orgulhoso.
Mas foi em Torres que presenciei uma cena inesquecível. Um abraço coletivo sob forte chuva dos 37 policiais que integram o Pelotão de Batedores da Brigada Militar, que fizeram a escolta da Tocha no nosso Estado.
A Ave Maria, rezada em voz alta, em uma das principais avenidas do município, marcava o fim de uma trajetória exitosa da chama milenar por nossos pagos. Todos unidos e com a sensação do dever cumprido, oficialmente era transmitida a responsabilidade de conduzir o símbolo máximo do maior evento esportivo do planeta para Santa Catarina.
E assim, o Rio Grande do Sul terminava a tarefa de apresentar as suas potencialidades turísticas e gastronômicas para o mundo. O legado de superação, garra e determinação permanecerá presente, vivo, aceso para sempre, não somente por aqui, mas em todo o país.
Em dias cinzentos, tudo isso faz ainda mais sentido. Virão novas gerações e a história tratará de retratar, relembrar e deixar no caminho da eternidade memórias de feitos que só o esporte é capaz de produzir. São saudades de uma semana olímpica.