Não importa a distância nem o lugar. Para Viviane Jungblut, o importante mesmo é entrar na água e nadar. E vencer.
Apontada como uma das maiores promessas brasileiras em provas de longa distância nas piscinas, após se destacar nos Jogos da Juventude de 2014, em Nanquim (China), a jovem gaúcha já é uma realidade nas águas abertas.
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No último sábado, Viviane pisou pela primeira vez no pódio em uma etapa de Copa do Mundo de maratonas aquáticas. Na prova dos 10km disputada no mar de Setúbal, em Portugal, a nadadora do Grêmio Náutico União chegou apenas um segundo atrás do italiana Rachele Bruni, atual vice-campeã olímpica, e conquistou a medalha de prata.
Pouco a pouco, a porto-alegrense de 21 anos, completados na quinta-feira (29), começa a deixar para trás atletas consagradas que, nos últimos 10 anos, mandaram nas competições no Brasil e se projetaram no cenário internacional.
Na mesma prova portuguesa, a baiana Ana Marcela Cunha – tricampeã da Copa do Mundo – chegou na quinta posição. No início de maio, Ana Marcela havia superado Viviane nos últimos metros – e na batida de mão – na seletiva da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) organizada em Foz do Iguaçu, no Lago de Itaipu.
Com um décimo de diferença entre elas, ambas conquistaram as vagas para o Mundial de Budapeste na única distância olímpica de modalidade. Quem ficou de fora da principal competição do ano do calendário, que será disputada na Hungria de 14 a 30 de julho, foi ninguém menos do que a paulista Poliana Okimoto, bronze no Rio 2016.
Nas raias das piscinas, as duas maiores referências da natação brasileira também já foram superadas por Vivi, como é chamada pelos colegas. No último Maria Lenk, disputado em maio no Rio, a gaúcha foi ouro nos 1.500m. Ao seu lado no pódio, estavam Poliana (prata) e Ana Marcela (bronze).
E pensar que há pouco tempo Viviane tietava as ídolos das maratonas aquáticas. Na primeira vez que competiu ao lado delas, não hesitou em pedir autógrafos para as duas nadadoras.
– Admiro muito a Poliana e a Ana Marcela, elas abriram o caminho das maratonas aquáticas no Brasil. Sou muito fã delas. Mas, quando caio na água, é para competir – afirma Viviane, pouco antes de começar o treino na tarde de terça-feira (27) na piscina externa da sede Moinhos de Vento do clube de Porto Alegre.
Para chegar ao topo, não economiza braçadas. Costuma nadar até 17 quilômetros por dia – descontados os poucos turnos de folga, percorre em média 80 quilômetros por semana. São mais de cinco horas de treinos por dia, em dois turnos. Cansou só de imaginar o esforço da atleta? Pois Vivi ainda encara uma tripla jornada: há três anos, frequenta as aulas de engenharia de alimentos na UFRGS.
De sorriso tímido, Viviane sabe que em breve chegará a uma encruzilhada: optar pela competições nas piscinas ou em águas abertas. Por enquanto, prefere adiar a decisão:
– Gosto de nadar os 400m, os 800m, os 1.500m, as maratonas aquáticas (5km, 7,5km e 10km)... Não foco uma ou outra modalidade. Ainda dá para conciliar os calendários. Mas, mais para frente, a gente vai ter de decidir.
O "mais para frente" tem prazo: Tóquio 2020. Como todo atleta, participar de uma Olimpíada é o sonho de Vivi. Embora evite projeções sobre suas chances, inevitavelmente até 2019 Vivi terá de escolher qual modalidade focará. Um ano antes da Olimpíada, o Mundial de Gwangju, na Coreia do Sul, definirá as vagas da maratona aquática nos Jogos. Seu técnico, Kiko Klaser, prefere deixar a decisão para a pupila. Mas arrisca um palpite:
– Acredito que ela terá mais chances na maratona aquática. Além de ótima nadadora, a Vivi já apresenta características de competidoras experientes em águas abertas, como a capacidade de tomar decisões rápidas e ótima visão periférica. Existem ótimas nadadoras que não têm isso.
Supervisor de maratonas aquáticas da CBDA para as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, Ricardo Ratto destaca que a juventude da gaúcha é um trunfo:
– Nas maratonas aquáticas, a longevidade é maior. Na prova de Setúbal, competiu uma alemã de 41 anos, a Angela Maurer, que engravidou, deixou as competições e depois voltou. A Viviane tem uma carreira inteira pela frente, um mundo inteiro para conquistar. Ela é a atleta certa, no lugar certo e na hora certa – diz Ratto.
QUEM É
Nome: Viviane Eichelberger Jungblut
Local de nascimento: Porto Alegre
Idade: 21 anos (29/6/1996)
Altura: 1m70cm
Peso: 60kg
Clube: Grêmio Náutico União
Resultados de 2017: ouro nos 800m e 1.500m e prata nos 400m no Troféu Maria Lenk e prata na etapa de Setúbal (POR) da Copa do Mundo de maratonas aquáticas.
16 de julho
É o dia da prova de Viviane Jungblut. Ao lado de Ana Marcela Cunha, a gaúcha representará o Brasil nos 10km da maratona aquática feminina, que será disputada no Lago Balaton, na Hungria.
*ZHESPORTES