A conquista de Thiago Braz na Rio-2016 pode ser considerada um dos momentos mais memoráveis do país-sede na edição olímpica. Com uma forte pressão psicológica nas costas, o jovem de 23 anos levou o estádio do Engenhão à loucura ao saltar 6m03cm e registrar o recorde olímpico do salto com vara. De quebra, o paulista superou o campeão olímpico em Londres-2012, o francês Renaud Lavillenie.
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Passado o êxtase da conquista inédita, Thiago, ao lado de seu treinador, o húngaro Vitaly Petrov, iniciam, em 2017, um ano dedicado à treinamentos. Visando a quebra do recorde mundial, hoje pertencente a Lavillenie (6,16m), a dupla alterou a rotina de treinamentos para que o atleta ganhasse mais massa muscular e suportasse o peso de uma vara que o permita saltar próximo dos 6,20m. Com a meta de estabelecer a nova marca no ciclo Tóquio-2020, além de conquistar uma medalha no Mundial de Atletismo do ano que vem, em Londres, Braz tem, em 2017, uma temporada mais tranquila, onde o mais relevante, no que diz respeito á competições, é manter uma média entre 5,80m e 5,90m no ano.
Com este objetivo em mente, o campeão olímpico participa, neste sábado, do Grande Prêmio Brasil de Atletismo, disputado na Arena Caixa, em São Bernardo do Campo, a partir das 13h45min, com transmissão do SporTV. Feliz de voltar a disputar uma competição em solo brasileiro após as Olimpíadas, o atleta já sabe o que seria considerado um "bom resultado".
– Para mim é um prazer retornar ao Brasil. A gente sempre quer buscar um bom resultado dentro de casa e eu espero competir bem. Para o GP, a gente quer fazer no mínimo 5m70cm ou 5m80cm – conta Braz
Sem a cobrança por resultados, que o cercou durante o caminho até a Rio-2016, Thiago conta que não está se "pressionando tanto", mas que fica chateado por apresentar uma queda nas marcas. Até o momento, o saltador soma três medalhas (um ouro, uma prata e um bronze) em quatro eventos indoor (espaços cobertos) e, no outdoor, zerou a participação no Estados Unidos da Diamond League, disputado na última semana.
– Não assusta, mas eu fico um pouco chateado. Eu não queria passar por isso, mas acho que é automático. Em um esporte individual, se você faz um bom resultado, no próximo ano realmente você não está preparado para manter o mesmo desempenho – comentou Braz.
Mesmo descontente com alguns resultados, o atleta afirma que já passou por essa experiência em outras duas ocasiões e vê o "ano de trenamentos" como algo positivo.
– Eu já passei por esta experiência duas vezes. Uma em 2010, quando eu fui prata nos Jogos Olímpicos da Juventude e, no ano seguinte eu não saltei bem e tive dificuldades para treinar.E em 2012, quando a gente de se recuperou, conquistou o Mundial Jr. e, em 2013, veio outro ano com resultados ruins – remembra Thiago Braz, que completa:
– Agora a gente está passando por este momento de adaptação. O meu treinador já me explicou que é normal na vida de um atleta depois de uma grande competição, não ter resultados assim tão constantes, mas, as poucos, a gente vai saltar melhor e se readaptando. Eu já sabia que isso ia acontecer e para mim é bom, porque eu tenho tempo para preparar tudo o que eu preciso.
O treinador do brasileiro, Vitaly Petrov, explicou que este não será um ano fácil e que o atleta não é uma máquina.
– Este ano não é fácil, porque a preparação para os Jogos Olímpicos nós colocamos muita energia, tanto física quanto psicológica. Este ano serve como preparação para o Mundial de Londres, assim como Tóquio-2020. Nosso objetivo é manter a média de resultados para que, nos próximos anos possamos voltar a crescer. Também devemos considerar que a vida de um atleta olímpico não é fácil, ele não é uma maquina. É diferente, por exemplo, no futebol que você pode trocar o jogador – afirmou o húngaro.
Qual a principal diferença entre o ano pós-olímpico e o pré-olímpico?
Thiago Braz: No pré-olímpico eu estava mais tenso, agora eu estou um pouco mais tranquilo. Não estou me pressionando tanto. Antes a minha meta era, independente de qualquer coisa, fazer um bom resultado para estar bem nas Olimpíadas.
Sem a cobrança por resultados, você vai mais tranquilo para as competições?
Estou um pouco tranquilo, não vou me cobrar para fazer um bom resultado, mas eu queria pelo menos manter a média.
Como está a sua relação com o Lavillenie após ás vaias na Rio-2016?
Está normal. Passaram as Olimpíadas e ele entendeu o que aconteceu. A nossa relação continua igual, a gente se fala no pouco tempo que temos.
Como você vê este ano dedicado mais aos treinos do que aos resultados?
A gente precisa passar por isso, para dar uma relaxada nos treinamentos. Não que a gente não está fazendo nada, mas realmente deu uma tranquilizada na cabeça para que os próximos anos sejam realmente crescentes. Estou pegando fôlego agora para chegar bem nos próximos anos e fazer boas competições.
*LANCEPRESS