Desde as 15h45min de sábado, o assunto em Pelotas é a escalação do Brasil-Pel que Rogério Zimmermann apresentou para enfrentar o Inter. Com sete mudanças em relação ao time que havia vencido o Juventude alguns dias antes, a equipe foi envolvida pelo time da Capital, levou 1 a 0 e escapou de ser goleada diante da torcida que lotou o Bento Freitas. Boatarias e desmentidos ganharam eco no sul do Estado e culminaram com um protesto da torcida em frente ao estádio após o treino de segunda-feira.
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Os xavantes faziam churrasco próximo ao campo quando o ônibus com os jogadores retornava do CT. Os torcedores, então, se aproximaram e gritaram palavras ofensivas contra os atletas. Eduardo Martini e Wagner foram os mais visados.
Eles viraram o centro das atenções por terem sido tirados do jogo – e até do banco. A decisão surpreendeu, já que – diferentemente dos outros desfalques (Leandro Camilo, Marlon e João Afonso) – os dois haviam trabalhado normalmente na sexta-feira. A versão durante todo o tempo era a de que ambos sentiram desconforto muscular. O médico do clube, Leandro Reckert, falou:
– João Afonso teve um traumatismo craniano, seguimos o protocolo da Fifa e o retiramos do jogo. Camilo e Marlon têm lesão muscular grau 1, o padrão é retirá-los por sete a 10 dias. E Martini e Wagner me relataram dor, o Martini reclamava que doía até para cobrar tiro de meta. Meu parecer à comissão técnica foi o de, se possível, não colocá-los em campo para que evitassem agravar o quadro.
Mas minutos depois, o presidente Ricardo Fonseca, em entrevista à Rádio Pelotense, desmentiu o médico:
– Wagner e Martini foram punidos por indisciplina. O Brasil-Pel é um clube disciplinador, e é por isso que vem ganhando recentemente. Todo atleta quer jogar contra o Inter, em um estádio cheio, na TV. Esta foi a punição deles. Não acho que prejudicamos o time.
A versão do presidente confirmou a história que percorreu o Estado. Tanto Martini quanto Wagner teriam tido um "comportamento pouco profissional". No caso de Wagner, o descontentamento foi com sua vida noturna: o jogador foi flagrado em um bar na quarta-feira e no domingo. O de Martini não teve revelação porque não teria ocorrido em via pública, mas na concentração. Ricardo Fonseca não quis comentar quais foram os atos de indisciplina:
– É um assunto interno.
Nesta segunda-feira, uma reunião reavaliou a situação dos jogadores – e até mesmo a permanência do treinador Rogério Zimmermann à frente do cargo.
Há cinco anos no Brasil-Pel, está novamente ameaçado. E, pelos comentários em redes sociais e pelas vaias, perdeu até parte daquilo que lhe era mais importante: o apoio popular.
Rogério contornou as brigas internas por ter respaldo do presidente. Com o vice, Cláudio Montanelli, a relação está estremecida definitivamente – o caso Wagner/Martini agravou ainda mais. O dirigente pode pedir para sair nos próximos dias alegando problemas de saúde.
Mas o que irritou o presidente foi a insinuação de que teria facilitado ao Inter:
– Não existe a mínima possibilidade. O Brasil não vai vender jogo nunca.