Ao comemorar seus 80 anos, o São Luiz estará de volta ao mapa dos melhores do futebol do Rio Grande. Nenhum desprezo à Segundona. Com fórmula atraente, permite a um clube pequeno brigar por título, reúne times e cidades de respeito do nosso Estado, mas é, no Gauchão, o lugar do São Luiz. A campanha mostrou isso. Foram 20 jogos, nove vitórias, nove empates e apenas duas derrotas – as duas fora de casa. Invicto no Estádio 19 de Outubro. É campanha de campeão.
O grupo foi formado a partir das escolhas da direção de futebol e das indicações do técnico Paulo Henrique Marques. O diretor Delmar Blatt é um "louco" por futebol, acompanha o desempenho de atletas que podem servir ao São Luiz com uma rede de contatos que permitiu acertar em cheio esse ano.
Foi assim, por exemplo, que chegou o volante Zé Lucas, gaúcho de Santa Maria, mas que não havia disputado campeonatos no Rio Grande do Sul. O São Luiz teve um goleiro sem falhas. O santo-angelense Jonatas era também responsável pela harmonia fora de campo. E foi dele o gol do título, ao bater o pênalti final. Essa harmonia em campo transcendeu a dificuldade financeira, que obrigou a uma ginástica e tanto a cada mês para honrar com os compromissos. Orgulho dos dirigentes, a fama que se espalha pelo Brasil de um clube que paga em dia foi garantida. Salários mais baixos que do ano passado, a folha chegou na fase final a R$ 60 mil.
Tem entre os dirigentes Sadi Pereira, cuidadoso ao extremo com despesas e responsável pelo enfrentamento da dívida. Cercou-se de pessoas de confiança. Era um dos que temia pelo futuro do clube, caso não subisse.
Mesmo com um orçamento apertado, a direção teve sensibilidade para permitir que, com R$ 10, centenas de torcedores pudessem ver o São Luiz na fase classificatória. Números extraoficiais indicam que 5 mil pessoas assistiram ao São Luiz golear o Inter de Santa Maria, público repetido na final. O São Luiz não é somente querido pelos ijuienses. Torcedores de uma dezena de municípios vizinhos, que adoram futebol, têm como programa de fim de semana ir ao 19 de Outubro.
Ocupar uma das vagas deixadas por dois "vizinhos" já é um claro indicador do que o São Luiz enfrentará em 2018. Entrar novamente na disputa de um campeonato com Dupla e Região Metropolitana, Serra e dois representantes da Zona Sul é ser quase um intruso, o único representante de uma imensa região que teve rebaixados os coirmãos de Erechim e Passo Fundo.
O São Luiz há 10 anos identificou um modelo a ser seguido. Foi conhecer a Chapecoense. Agora, mais do que nunca, pode seguir aprendendo com a Chape, que ressurge após a tragédia. O Gauchão mudou, e o São Luiz deve ter aprendido a lição.