Paris começará a viver o clima de um dos Grand Slams mais tradicionais do tênis mundial a partir deste domingo. Segundo Major do ano, Roland Garros promete encerrar a gira europeia de saibro com forte emoções. Além da alta premiação e do elevado número de pontos no ranking, não é apenas o título que está em jogo nas quadras de terra batida do torneio francês. A edição 2017 da competição vai até o dia 11 de junho.
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O favorito
Embora rejeite essa condição, Rafael Nadal é no momento favorito indiscutível para levar o título de Roland Garros pela décima vez na carreira. Tal rótulo não pode ser considerado exagero. Após ter que abdicar do torneio em 2016, devido a uma lesão no pulso, o espanhol chega em Paris com resultados que justificam sua soberania no saibro.
No último mês, dos quatro torneios que disputou em terra batida levantou três troféus: Masters 1000 de Monte Carlo; Masters 1000 de Madrid; e o ATP 500 de Barcelona. No Masters de Roma, caiu nas quartas após ser derrotado pelo austríaco Dominic Thiem. Além disso, suas chances aumentam já que seus principais adversários não estão em bons momentos: Novak Djokovic e Andy Murray vivem em má fase no circuito, já Roger Federer anunciou que não disputará a competição na França.
Com dez títulos garantidos em Monte Carlo e Barcelona, se vencer o Slam francês, Rafa alcança o inédito feito de ser o primeiro tenista na Era Aberta a faturar o decacampeonato em três competições diferentes.
Os desesperados
Em 2016, Novak Djokovic e Andy Murray decidiram o título de Roland Garros. Sendo que o sérvio, então número um do mundo, levou a melhor e faturou seu primeiro caneco no Grand Slam de Paris. Hoje, um ano depois, ambos chegam no torneio em situação bem delicada. Com campanhas decepcionantes até o momento, o britânico, atual dono do topo do ranking, não se encontrou no saibro. Já Djokovic, ainda não achou sua "faísca" nesta temporada.
Se compararmos o histórico de Djoko nos últimos anos, a campanha 2017 está muito aquém para o sérvio. O número dois do mundo, até momento, levantou o caneco do ATP 250 de Doha e foi vice no Masters 1000 de Roma. Para dar a volta por cima, defender seu troféu e conquistar o bi no saibro francês, Nole deposita suas fichas na parceria com o norte-americano André Agassi, seu atual treinador.
Murray também não vive seus melhores dias em quadra. Após fechar 2016 com o título do Finals e a liderança do ranking, o britânico faturou apenas um troféu em 2017: o ATP 500 de Dubai. Sem ter mostrado força na gira europeia de saibro, Andy acumula eliminações precoces em Roma (primeira rodada), Madrid e Monte Carlo (ambos nas oitavas). E apesar de ainda se manter como número um do mundo, não é errado afirmar que o britânico chega como azarão em Roland Garros.
Quem pode ser surpresa?
A nova geração do tênis mundial vem demonstrando intimidade com o saibro. Dois deles estão entre os quatro melhores da temporada: o austríaco Dominic Thiem, de 23 anos, e o alemão Alexander Zverev, de 20 anos. Em uma temporada marcada por campanhas decepcionantes de tenistas de ponta, ambos souberam aproveitar a oportunidade. E com talento. Entre as duas promessas, Thiem é o nome que surge como destaque no saibro e leva vantagem sobre Zverev no piso. O jovem austríaco é especialista na superfície e, certamente, o melhor saibrista desta nova geração.
Dominic chegou ao top 10 após grande campanha justamente em Roland Garros, no ano passado, quando alcançou a semifinal da competição. Este ano, tudo é favorável. Thiem manteve bons resultados na gira de saibro. Foi campeão no Rio de Janeiro, primeiro evento de saibro de seu calendário. Caiu nas oitavas em Monte Carlo, foi vice-campeão em Barcelona e no Masters 1000 de Madrid, e em Roma, parou na semi. Número 7 do mundo, Thiem é o sexto cabeça de chave em Roland Garros e chega com moral.
Já Zverev, não tem no saibro seu melhor piso. Porém, o jovem alemão não para de surpreender. Aos 20 anos, já figura entre os 10 melhores tenistas do mundo e vem fazendo frente aos grandes nomes do circuito. Nesta temporada, já conquistou dois títulos no saibro. Sendo o último em cima de Novak Djokovic, ao faturar o Masters 1000 de Roma. Número 10 do mundo, Zverev é o nono cabeça de chave do Slam francês.
Fará falta
A ausência mais sentida em Roland Garros será sem sombra de dúvida a de Roger Federer. Mesmo que por circunstâncias diferentes, o suíço repete a escolha feita em 2016, quando abriu mão do torneio para se preparar melhor para a gira de grama e o segundo semestre – todo em piso duro. Embora não haja motivos para comemoração, a opção é bastante compreensível para um atleta de 35 anos que ainda pretende atuar em alto nível no circuito por mais alguns anos. Em seu anúncio, o próprio Federer especificou a palavra "longevidade" na tomada de sua decisão.
O suíço, recordista em número de vitórias em torneios de Grand Slam, nunca escondeu que o saibro não é seu piso favorito. De seus 18 títulos em Majors, apenas um foi conquistado em Roland Garros: em 2009. De lá pra cá, Federer fez apenas mais uma final: em 2011, quando perder para o espanhol Rafael Nadal.
Dos muitos motivos especiais e diferentes que o torcedor tenha para lamentar a ausência de Federer em Paris, elenco três deles:
– Favorito ao título: da maneira que iniciou a temporada e a forma que vêm atuando seus habituais rivais, não existe a possibilidade de não citar o suíço como sério candidato ao bicampeonato na França.
– Eterna rivalidade: Rafael Nadal deve ser o primeiro a sentir falta de Federer. Quem acompanha tênis sabe que há mais de dez anos, ambos travam alguns dos mais belos duelos do circuito. Nadal sempre foi uma pedra na sapato do suíço, mas desta vez Federer carrega uma série de quatro vitórias consecutivas sobre o rival. Como seria em Roland Garros? Não saberemos.
– Briga pelo número 1: a disputa entre Federer e Nadal pelo topo do ranking perderá sua emoção, ao menos por enquanto. Se o espanhol confirmar o favoritismo e faturar o Slam francês, aí sim o suíço terá uma desvantagem que não será fácil de ser reduzida. Até o momento, Nadal somou 5.375 pontos em 2017, contra 5.035 de Federer.
Sem jogar desde o Masters 1000 de Miami, onde sagrou-se campeão, o atual número 5 do mundo voltará às quadra em junho. Jogará em Stuttgart, a partir do dia 12, e em Halle, logo na semana seguinte. São os torneio de preparação na grama para Wimbledon, onde Federer é franco favorito. O suíço já conquistou sete troféus no Grand Slam mais tradicional do circuito.
Sobre Roland Garros:
Primeira edição: 1891
Cidade: Paris-FRA
Piso: saibro
Quadra principal: Philippe Chatrier
Maior vencedor: Rafael Nadal (nove títulos)
Pontos para o ranking: 2000 (vencedor)
Premiação: total de 36 milhões de euros (cerca de R$ 132 milhões)
Transmissão TV: BandSports
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