No último 3 de dezembro, Chapecó misturou o preto ao verde da Chapecoense para velar, na Arena Condá, as vítimas do acidente aéreo que matou 71 pessoas perto de Medellín. Quatro meses depois, o branco será a cor predominante em uma celebração bem diferente daquele momento de profunda tristeza. O clube catarinense aproveitou o primeiro jogo da final da Recopa Sul-Americana, diante do Atlético Nacional-COL, às 19h15min desta terça-feira, para retribuir os atos de solidariedade dos colombianos após a tragédia.
– É um momento diferente. A ideia é agradecer aos colombianos, não reviver a tragédia, ainda que isso seja, em algumas situações, inevitável. Vamos recepcioná-los e prestar nossa homenagem de gratidão – diz Plínio David de Nês Filho, presidente da Chape.
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Para cuidar de uma programação que tem início marcado para as 14h30min, o clube chamou Edson Erdmann, profissional experiente que organizou cerimônias como a festa de reinauguração do Beira-Rio, o acendimento da pira olímpica nos Jogos do Rio e o Natal Luz de Gramado.
– Fui convidado e aceitei de cara, doando meu cachê. Deixei o coração falar. Estamos preparando coisas que o Brasil gostaria de dizer para a Colômbia. Com aqueles gestos no ano passado, eles mudaram o parâmetro da relação. O que nós estamos fazendo é retribuir isso – explica Erdmann.
Com a gratidão aos "irmãos" colombianos como mote, foi preparada uma agenda com fan fest, passeata, abraço à Arena Condá, um show musical (com destaque para o público, que foi orientado a se vestir de branco e participar de uma coreografia ensaiada) e, é claro, o jogo. A prefeitura determinou ponto facultativo à tarde para que a população se envolva na celebração e haverá telões na praça Coronel Bertaso e no estacionamento da Arena Condá, para que os torcedores sem ingresso possam acompanhar a partida (os bilhetes já estão esgotados).
Confira as principais atrações da série de homenagens em Chapecó.
Chegada festiva
A programação começou nesta segunda com a recepção à delegação do Atlético Nacional-COL, que chegou a Santa Catarina no início da tarde. Autoridades como Luciano Bulligon, prefeito da cidade, e o presidente da Chapecoense, Plínio David de Nês Filho, estavam entre os presentes no aeroporto. Torcedores mirins formaram um corredor com bandeiras dos dois clubes para que os colombianos passassem.
A festa continuou pelas ruas de Chapecó, à medida que o ônibus do Atlético Nacional percorria o trajeto até o hotel. Lá, torcedores brasileiros e colombianos saudaram os vencedores da última Libertadores aos gritos de "É campeão".
Fan Fest e Parque Medellín
Dois eventos marcados para as 14h30min darão início à programação de hoje. No loteamento Avenida, uma cerimônia com a presença do prefeito de Medellín, Frederico Gutiérrez Zuluaga, lançará a pedra fundamental do Parque Medellín, mais uma das homenagens da cidade de Chapecó. Na praça Coronel Bertaso, os torcedores farão a concentração para o jogo embalados por música ao vivo.
Caminhada, abraço e show
Dali, os torcedores partem em caminhada até o estádio. Às 17h30min, está previsto um abraço à Arena Condá. Com o público acomodado nas arquibancadas, terá início, pouco depois das 18h, o Show de Agradecimento. Duca contará com a ajuda do público para cantar Dia Especial e será apresentada uma "cápsula do tempo", que terá a forma de duas mãos entrelaçadas e reunirá mensagens escritas de torcedores. A cápsula será levada a Medellín para o jogo da volta, na próxima semana, e depois retornará a Chapecó, onde será instalada no Parque Medellín. Só será aberta daqui a 43 anos, em uma referência ao tempo de existência da Chapecoense até a tragédia. Há, ainda, uma negociação com a Conmebol para que os dois times entrem juntos em campo, quebrando o protocolo padrão dos jogos de competições organizados pela entidade.
Em campo
Apesar do ambiente singular que cerca a decisão, Chape e Atlético Nacional não abrem mão da busca pelo título.
– Quando começa, cessam as homenagens e vamos para o jogo. Até por isso, os jogadores não vão participar das cerimônias – destaca Nês Filho.
A missão dos catarinenses será complicada, ainda que o time de Vagner Mancini, que lidera o Estadual, esteja em bom momento.
O Atlético Nacional, que costuma poupar titulares em jogos do Colombiano, vem com força máxima.
– O time perdeu peças importantes em relação ao time do ano passado, mas vejo que o pilar de sustentação se manteve: o goleiro Armani, o zagueiro Enríquez e o meia Macnelly Torres. Os três seguem em excelente momento – avalia Javier Ramírez, repórter do jornal colombiano El Mundo.
Hino das homenagens
Dia Especial, composição do gaúcho Duca Leindecker, ex-Cidadão Quem, foi escolhida como uma espécie de hino da celebração.
– Tem tudo a ver com a solidariedade que os brasileiros receberam dos colombianos. Eu vou muito a Chapecó, todos os anos faço shows lá. Já fui ao estádio assistir a jogos. Me sinto honrado. Acho que vai ser uma festa muito bonita – destaca Duca.
* ZH Esportes