Começa neste fim de semana a Terceirona gaúcha e, com ela, surgem histórias curiosas de clubes que tentam fazer futebol profissional bem longe dos holofotes. Neste ano com a inclusão das equipes B de Grêmio e Inter, outros 13 times lutam por duas vagas na Divisão de Acesso do próximo ano – a Dupla é "café com leite" nesse aspecto e não poderá subir.
Os perfis dos clubes são variados. Na competição, está desde o time mais antigo do país, o Rio Grande, até o novato PRS, fundado em 2015 e treinado por seu vice-presidente, Edmilson Silva. Porto-alegrense, o "técnico-dirigente" já atuou no Flamengo nos tempos de atleta.
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Três jogos neste fim de semana abrem a Terceirona. No sábado, às 15h, na Morada dos Quero-Queros, o Inter B recebe o Rio Grande. No domingo, o Farroupilha recebe o Bagé, às 15h, no Nicolau Fico. No mesmo horário, o Gaúcho encara o Igrejinha na Arena BSBios.
Técnico campeão acreano e ex-gremista lideram o Novo Horizonte
O Novo Horizonte, fundado em 2008, estreia na Terceirona. Mas não se pode dizer que chega ao campeonato apenas para participar. Na casamata, Ney Gaúcho lidera o elenco com a bagagem de quem já foi bicampeão estadual: pelo Rio Branco, do Acre.
Pela primeira vez comandando um time do próprio estado, Ney acredita em uma boa campanha à frente do clube. Isso porque em campo terá jogadores acostumados com a pressão por resultados. O melhor exemplo é o volante Emerson, integrante do elenco campeão da Copa do Brasil 2001 pelo Grêmio. Natural de Esteio, o jogador é a referência técnica do time.
– Ele nos traz experiência, agrega e ajuda muito o projeto. É identificado com o Novo Horizonte, já esteve aqui no segundo semestre do ano passado, e provavelmente encerrará a carreira aqui neste ano. É bom de trabalhar com ele – diz o comandante.
Criatividade para levar o clube adiante
De volta ao futebol profissional, o Guarany de Camaquã se vale da criatividade para funcionar. Com parcos recursos, a direção se inspirou no que há de mais moderno e resolveu criar produtos oficiais. O mais interessante, provavelmente, é o Xis do Bugre – nome que homenageia o apelido do clube. Com variados sabores, o alimento rende 30% de cada venda ao Guarany.
– É meio como se fosse a hamburgueria do Grêmio – compara o presidente Rogério Barbosa. – Vem numa caixinha personalizada. Mas é tele-entrega.
Apenas criatividade, porém, não basta para que o futebol profissional seja desenvolvido em Camaquã. No dia 14 de março, um incêndio impediu que atletas continuassem no alojamento onde estavam. A solidariedade precisou entrar em cena.
– Conseguimos colocar os atletas em um alojamento que era dos Bombeiros e a comunidade ajudou bastante. Reparamos cerca de 70% do que se perdeu.
A sorte é que, além de abraçar essa causa, a população local parece ter comprado a ideia do Xis do Bugre:
– A venda está bem legal – garante Barbosa.
Com atletas argentinos, Nova Prata promete equipe aguerrida
Cinco argentinos prometem dar a cara do Nova Prata em 2017: um time bastante aguerrido. Presidente do clube, Élbio Pilar os trouxe após os gringos serem apresentados por meio de um terceiro.
Por conta de todas as dificuldades envolvidas no processo e o currículo ainda modesto dos atletas, o dirigente nem sabe ao certo por quais clubes os argentinos passaram. Um afirmou ter atuado na base do Independiente.
No final das contas, porém, isso é o que menos interessa. O que importa é a certeza de Élbio Pilar:
– Não devemos nada aos demais.
Um treinador com faro de gol
Após defender cerca de 30 clubes na carreira (nem ele próprio sabe precisar), Alê Menezes pendurou as chuteiras e agora é treinador. Do Sapucaiense, por onde passou três vezes nos tempos de atleta.
– Quer saber de uma coisa? Tinha propostas para jogar a Divisão de Acesso, mas preferi ficar perto de casa – diz o porto-alegrense e um dos ex-centroavantes mais conhecidos da história do interior gaúcho.
Para assumir o clube, Alê Menezes fez um pedido: que pudesse montar a comissão técnica. E pôde. Contratou como auxiliar o ex-zagueiro Rodrigo Ramos e agora tem uma estratégia.
– Eu, como atacante, pego os atacantes. O Rodrigo pega o zagueiros e faz trabalhos com eles. Essas conversas são muito importantes aqui.
Se tudo transcorrer normalmente, Alê Menezes abraçará de vez a ideia se ser treinador. Ele vê futuro na profissão, apesar de achar que algumas portas não estarão sempre abertas.
– Acredito que alguns clubes que botei na Justiça, por não pagar, falem que nunca vou trabalhar lá. Alguns diretores levam com o coração. Mas se não me contratassem, seria pela mágoa disso, não por dúvida da minha competência.
OS 13 CLUBES QUE BRIGAM PELO ACESSO
Novo Horizonte
Cidade: Esteio
Fundação: 28/12/2008
Título gaúcho: nenhum
Técnico: Ney Santos
Farroupilha
Cidade: Pelotas
Fundação: 26/04/1926
Título gaúcho: Gauchão - 1935
Técnico: Tiago Lopes
Bagé
Cidade: Bagé
Fundação: 20/08/1920
Título gaúcho: Gauchão - 1925
Técnico: Paulo Sérgio de Freitas
Sapucaiense
Cidade: Sapucaia do Sul
Fundação: 28/07/1941
Título gaúcho: nenhum
Técnico: Alê Menezes
Guarany
Cidade: Camaquã
Fundação: 12/02/1946
Título gaúcho: nenhum
Técnico: Fernando Agostini
Riograndense
Cidade: Santa Maria
Fundação: 07/05/1912
Título gaúcho: nenhum
Técnico: Michael Böhm
Rio Grande
Cidade: Rio Grande
Fundação: 31/08/1985
Título gaúcho: Gauchão - 1936
Técnico: Marcelo Moreira
Nova Prata
Cidade: Nova Prata
Fundação: 10/04/2003
Título gaúcho: nenhum
Técnico: Everaldo Alves
Elite
Cidade: Santo Ângelo
Fundação: 30/09/1921
Título gaúcho: nenhum
Técnico: Jorge Maiben
Igrejinha
Cidade: Igrejinha
Fundação: 26/04/1930
Título gaúcho: nenhum
Técnico: Éverton Fabro
PRS
Cidade: Garibaldi
Fundação: dezembro de 2015
Título gaúcho: nenhum
Técnico: Edmílson Silva
Gaúcho
Cidade: Passo Fundo
Fundação: 12/05/1918
Título gaúcho: nenhum
Técnico: Ricardo Attolini
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