A vida de Unai Emery no Paris Saint-Germain não estava fácil até o dia 14 de fevereiro. O espanhol, na sua primeira temporada no rico clube parisiense, ainda não havia conseguido repetir o sucesso que teve no Sevilla – chegou a ter sua saída especulada na virada do ano, por conta dos resultados ruins no Campeonato Francês. Mas tudo mudou naquela noite mágica no Parque dos Príncipes: a goleada de 4 a 0 sobre o Barcelona, pelas oitavas de final da Liga dos Campeões, finalmente mostrou ao mundo o trabalho do basco de 45 anos. Nesta quarta, os dois times voltam a se enfrentar, desta vez na Catalunha, a partir das 16h45min.
São 10 vitórias e dois empates nos últimos 12 jogos, por Francês, Champions e Copa da França, desde a derrota surpreendente para o Guingamp, em 17 de dezembro. Na Ligue 1, o campeonato local, o time está com 62 pontos, a três do líder Monaco, em busca do penta nacional.
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A escolha do PSG por Emery foi um prêmio pelo que fez no Sevilla. Foram três anos e meio no clube da Andaluzia, entre janeiro de 2013 e junho de 2016, e três títulos da Liga Europa, em 2014, 2015 e 2016. As taças fizeram com que o ex-meia, de carreira discreta por clubes da segunda divisão espanhola, ganhasse status de ídolo. Seus inusitados métodos de trabalho, alvos de críticas no início da carreira como treinador, passaram a ser elogiados.
Fanático por futebol, Emery não trabalha com um analista de vídeos. Para isso, se especializou no trabalho de edição – e cuida, ele mesmo, da produção e compilação das imagens que mostra para seus jogadores.
– Para mim, o futebol é paixão e emoção. Para cada jogo, levo até 12 horas só no vídeo. Em uma hora, os jogadores têm de entender o que você viu em 12 – explicou, em entrevista ao site da Uefa.
O técnico se considera hiperativo e pode conversar durante horas sobre qualquer detalhe que faça a diferença dentro de campo. Ele espera o mesmo comprometimento dos comandados. No período no Valencia, entre 2008 e 2012, entregava pen drives aos jogadores com vídeos para análises individuais. Quando desconfiou que um dos atletas não assistia às imagens, entregou um pen drive vazio. O jogador garantiu que assistiu ao vídeo, e Emery soube que ele não fazia o "tema de casa".
Hoje, os vídeos individuais são assistidos com cada jogador, na preleção antes do jogo, com clipes de três a quatro minutos para cada um. O trabalho fascina tanto Emery que ele chega a falar disso até para seus adversários: em 2015, após o Sevilla vencer a Fiorentina na semifinal da Liga Europa, o espanhol deixou o campo ao lado de Joaquín, meia do clube italiano, e falou sobre como orientou seus jogadores para pará-lo. Nada que Joaquín não conhecesse – ele foi pupilo de Emery no Valencia.
– Ele é obcecado por futebol, é praticamente uma doença. São tantos vídeos que ele me passou que eu fiquei sem pipoca em casa – brinca Joaquín. – Emery é o melhor técnico que eu tive. Trabalhei com ele por três anos, mas não poderia aguentar uma quarta temporada.
*ZHESPORTES