O médico alemão, que estudou essa deterioração cerebral e cuja doença leva o seu nome, descreveu-a há mais de um século (1906), ficando relegada a um plano secundário pela comunidade médica.
Explicação plausível: vivia-se menos – a média de vida mais baixa impedia o acúmulo de estatísticas impactantes. Nossos ancestrais morriam relativamente jovens. Aos mais velhos e com degenerações psíquicas, era comum o depreciativo rótulo de "caduco", caracterizado por perda da memória e da linguagem, mudanças de humor e de conduta, componente agressivo, irritabilidade e com confusões mentais.
A evolução e o progresso advindos da moderna tecnologia e os maiores e melhores recursos terapêuticos incrementaram a população idosa. Daí, o desafio em proporcionar qualidade aos que vão envelhecendo, porque, do contrário, de pouco ou nada adiantará a longevidade. Alargamento etário não é sinônimo de boa saúde. Os índices de Alzheimer são crescentes, elevados e preocupantes.
O que começa a se verificar no futebol. Sempre é necessário decorrer várias décadas para que "coisas estranhas" comecem despertar atenção.
As grandes descobertas científicas exigem anos de observação e pesquisa. Quando, finalmente, surge a claridade, as hipóteses são aventadas e as conclusões, estabelecidas. Ainda ignoramos o quanto os constantes choques cranianos a que os jogadores estão sujeitos, assim como as inumeráveis cabeçadas, influenciam em maltratar seus os neurônios. Só agora, muitos chegaram à sua velhice e à demência. Talvez, alguns deles, padeçam dessa enfermidade também por serem anciões.
Mas a lista é importante e não poupou craques ilustres e míticos como Leônidas da Silva, Nílton Santos, Gilmar, Zito, Puskas, Kopa, Bellini (portador de Encefalopatia Traumática Crônica – "Síndrome do Pugilista") e inúmeros outros jogadores. Desconhece-se o montante de menos famosos afetados. O que demanda uma ampla investigação.
Criar uma proteção profilática, um capacete amortecedor sem danos aos demais, será uma medida útil e sensata. Assim como uma lei obrigando exames neurológicos completos, detectando possíveis "microisquemias". Por ser um novo grupo de risco, devem ser acompanhado ao longo dos anos.