Várias marcas, entre elas a plataforma de aluguel Airbnb, deram no domingo um viés político ao Super Bowl ao divulgar anúncios que fazem menção ao tema migratório nos Estados Unidos em meio à tempestade pelo decreto anti-imigração do presidente Donald Trump.
Geralmente, a política não tem protagonismo durante a transmissão do Super Bowl, já que os interesses financeiros são mais importantes em um evento que, em 2016, reuniu mais de 111,9 milhões de telespectadores.
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Mas no domingo a história foi diferente. Uma série de anúncios colocou sobre a mesa temas políticos que dividem a sociedade americana. Os comerciais do intervalo são tradicionais nos Estados Unidos e chegam a custar US$ 5 milhões por 30 segundos.
A plataforma de aluguel Airbnb surpreendeu ao divulgar uma publicidade na qual preconiza a tolerância de todas as origens e religiões, uma resposta evidente ao decreto anti-imigração assinado há 10 dias por Trump.
"Pensamos que, seja quem for, venha de onde vier, ame quem amar, ou acredite em quem acreditar, todos temos nosso lugar, quanto mais se aceita, mais lindo é o mundo", foi a mensagem divulgada pela empresa com seu anúncio, que incluiu imagens de pessoas de diversas origens. Junto com a publicidade, a plataforma lançou a hashtag #WeAccept (nós aceitamos).
Minutos depois de publicar a peça na rede Fox, o diretor-geral da Airbnb, Brian Chesky, tuitou: "Vamos entregar US$ 4 milhões em quatro anos ao International Rescue Committee (IRC)", uma ONG que ajuda os refugiados no mundo, "para satisfazer as necessidades das populações deslocadas no mundo".
Diferentemente da maioria dos outros anunciantes do Super Bowl, o Airbnb não havia divulgado detalhes do conteúdo de sua publicidade, o que aumentou o efeito surpresa do anúncio durante sua divulgação.
Com esta publicidade, o Airbnb roubou o protagonismo do anúncio que deu o primeiro enfoque político ao Super Bowl. Trata-se da publicidade divulgada pela marca de cerveja mais popular nos Estados Unidos, a Budweiser.
A empresa usou seu espaço publicitário no Super Bowl para divulgar um anúncio no qual evocava a trajetória migratória de seu fundador alemão, Adolphus Busch, aos Estados Unidos.
Ao ser questionado sobre seu anúncio, o fabricante de cerveja afirmou que havia sido criado antes da posse de Trump.
No caso do Airbnb, a publicidade emitida segue a linha dos dirigentes da empresa, que criticaram publicamente o decreto migratório de Trump, que proíbe a entrada nos Estados Unidos de cidadãos de Irã, Iraque, Líbia, Somália, Sudão, Síria e Iêmen por 90 dias.
Parede intransponível
O outro golpe forte da noite foi o anúncio da empresa especialista em materiais de construção 84 Lumber. Na publicidade, uma mulher e sua filha aparecem tentado cruzar clandestinamente o que parece ser a fronteira entre México e Estados Unidos.
A publicidade, divulgada pelo canal Fox, mostra apenas a primeira parte da viagem e convida os telespectadores a entrarem no site da 84 Lumber para ver o resto.
A publicidade completa mostra as duas migrantes se deparando com uma parede intransponível, o que lembra o famoso muro que Trump deseja construir. Finalmente, as mulheres encontram uma porta que conseguem abrir e, em seguida, aparece uma mensagem: "A vontade de êxito sempre é bem-vinda".
Trata-se da segunda versão do comercial, já que a primeira havia sido rejeitada pela Fox diante do temor de que gerasse polêmica. De qualquer forma, ao apresentar o comercial, esclarece que inclui conteúdo que pode "gerar controvérsia".
Na mesma linha, a agência de viagens online Expedia mostrou uma mulher que percorre o mundo para salvar os migrantes e ajudar as populações necessitadas.
Este anúncio já havia sido divulgado nos Estados Unidos no dia da cerimônia da posse de Trump, em 20 de janeiro.
Estes comerciais foram, em sua maioria, bem recebidos nas redes sociais, mas também receberam algumas críticas.
O Super Bowl, evento tradicionalmente de maior audiência televisiva nos Estados Unidos, foi realizado neste ano em uma atmosfera de forte polarização em relação ao presidente Trump.