O mundo do futebol se solidarizou com o treinador italiano Claudio Ranieri nesta sexta-feira, depois do Leicester despedir o responsável pelo único título inglês da equipe, nove meses depois da façanha.
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O treinador quebrou o silêncio e falou que foi um golpe duro na carreira.
– Depois da euforia da temporada passada e de ganhar o título da Premier League, meu sonho era continuar pra sempre no Leicester, clube que eu amo. Mas isso não vai acontecer, meu sonho morreu ontem – afirmou.
Fazendo coro com o companheiro de profissão, o português José Mourinho apareceu com um casaco de treinamento do Manchester United com as iniciais CR, em homenagem ao italiano, em vez da JM de costume.
– É uma pequena homenagem a quem escreveu a página mais bonita da Premier League. Alguém que merecia o nome do estádio do Leicester. Campeão da Inglaterra e nomeado treinador do ano pela Fifa. Despedido. Esse é o futebol moderno. Ninguém pode apagar a história que você escreveu – acrescentou Mourinho.
O anúncio da saída do Leicester provocou muitas reações, como a do ex-jogador Gary Lineker, estrela dos Foxes.
– Chorei ontem por Claudio, pelo futebol e pelo clube. Por mim, pelos torcedores que amam esse esporte – falou Lineker. O jogador avaliou a demissão como repugnante.
O compatriota Roberto Mancini, candidato para substituir Raniero na equipe, também lamentou a situação.
– Sinto por meu amigo Ranieri. Vai ficar na história do Leicester e no coração dos torcedores e amantes do futebol – escreveu Mancini no Twitter.
O treinador alemão Jurgen Klopp considerou Ranieri como "uma pessoa verdadeiramente especial no mundo do futebol, um homem realmente simpático".
– Realmente não entendo porque os proprietários fizeram isso – perguntou-se Klopp.
Antonio Conte, do Chelsea, expressou a tristeza pelo amigo, "que é um grande homem e um super técnico".
O treinador da Roma, Luciano Spalletti criticou duramente a decisão: "não veem que é ele o responsável pela alquimia do time e do vestiário para o time ganhar o campeonato?".
– É um bonito trabalho o de técnico. Sempre somos nós quem vamos embora. Já viram algum presidente ou jogador sair antes do fim da temporada? – acrescentou Spalletti.
O treinador quebrou o silêncio e falou que foi um golpe duro na carreira.
A demissão pôs fim à bela história de superação apenas nove meses depois da façanha improvável dos Foxes.
Mas com a sequência de maus resultados, eliminações e a possibilidade de cair para a segunda divisão inglesa abriram os olhos dos proprietários do clube. Caso o time seja rebaixado, o Leicester pode perder até 120 milhões de euros por conta de direitos televisivos, o que fez os mandatários botarem os pés no chão e tomarem a fria decisão de mandar o ídolo embora.
Com os direitos de TV que chegam aos 2 bilhões por temporada, na Premier League, cada uma das equipes recebe 120 milhões. As equipes da segunda divisão recebem aproximadamente 3,5 milhões.
– O rebaixamento seria um desastre – revelou o ex-goleiro da equipe, Peter Shilton, um dos poucos favoráveis à decisão dos dirigentes.
A equipe tem muitos seguidores na Ásia e jogar na segunda divisão diminuiria o interesse das partidas. Imagine um jogo entre Leicester e Burton, em vez de rivais como Manchester United ou Chelsea.
Em comunicado, o vice-presidente Aiyawatt Srivaddhanaprabha colocou o interesse do clube na balança: "nunca pensamos que os êxitos fossem se repetir e o que queríamos era permanecer na elite. Mas o objetivo ficou perigoso, e precisamos reagir nos 13 jogos que faltam".
– Esta foi a decisão mais difícil que tivemos nos últimos sete anos, mas precisamos colocar os interesses do clube acima de qualquer sentimento pessoal – acrescentou Aiyawatt.