O São Bernardo estreia no Paulistão, neste sábado, contra o Novorizontino, com enormes desafios. O primeiro é se manter na primeira divisão do estadual mais forte do país – serão 16 equipes, quatro rebaixadas. O outro, é alcançar a classificação dentro de um grupo com Corinthians, Ituano e Botafogo, sendo que apenas dois avançam.
Mas talvez o que mais impressione no clube que leva o nome da cidade seja a sua ousadia. Fundado em 2004, o Bernô, como é carinhosamente chamado, quer alcançar a Série B nacional dentro de cinco anos. Tudo isso sob a liderança de Thiago Ferreira, presidente de 27 anos – o mais novo mandatário do Paulistão.
Leia mais:
Bahia e Vitória foram às compras e mudaram o eixo para o Nordeste
Chamado de inchado, Jadson reage: "Eu vou ter que calar muita gente"
Vasco anuncia a contratação do atacante Kelvin
Filho do deputado estadual Luiz Fernando Teixeira (PT), que comprou o clube em 2009, Thiago é quem administra, de fato, o São Bernardo. Formado em Direito, o jovem já trabalhou na base e no marketing do Bernô. Diante da impossibilidade de o pai comandar o time "full time", em outras palavras, 24 horas por dia, decidiu abraçar a causa. Assumiu o cargo definitivamente, após uma experiência anterior como interino, e passou a ter a missão de montar um grupo que, ao fim de 2017, terá recebido um investimento total na casa dos R$ 6 milhões.
Com uma visão moderna de futebol, Thiago passou a fazer o que muito garoto já sonhou: contratar atletas. Antes, buscou um treinador. O português Sérgio Vieira, de 34 anos, foi avaliado. Mas o acerto só se deu após uma conversa de duas horas no WhatsApp, sobre ideias e projetos de futebol, entre o diretor de futebol do clube e o técnico. O negócio foi fechado após oito horas somando todos os contatos.
Feito isso, Thiago e seu staff foram em busca de peças para reforçar o grupo que debutará às 17h deste sábado. O atacante Edno, que se destacou com a camisa da Portuguesa, hoje com 33 anos (e seis anos mais velho do que o presidente), foi contratado.
– Mas aqui não é Edno mais 10 – garante o presidente. – Ele é um ótimo nome, mas a responsabilidade não é toda dele.
Nem poderia. Já assegurado na Série D de 2017, o clube pensa grande. Quer a Série B nacional em cinco anos, "se subir neste ano, pode ser em três". Por isso, Thiago afirma haver um projeto ("que nunca atrasou salário") maior do que algo voltado a um único atleta. E por isso, também, que o presidente não se assusta com o desafio de liderar um clube em meio a tantos outros tradicionais, como Palmeiras, Santos, São Paulo, Corinthians.
– Não sei se tenho medo. Temos que transformar esse "medo" em desafio. Vamos enfrentar os maiores clubes do Brasil. Agora são 16 (equipes na elite do Paulistão), estão enxugando cada vez mais. Dá um frio na barriga de um lado, sim. Mas acreditamos bastante – diz o presidente, acostumado a conviver entre os "grandes":
– Nas reuniões sou sempre o mais novo. Devo ser um dos mais novos do clube, até mais jovem que atletas. Mas a transferência (chegada ao cargo de presidente) não foi do dia para a noite, foi acontecendo, bem natural. E a aceitação foi excelente. Quanto à relação com o elenco, é ter uma postura séria e as pessoas verem que o que se mostra, se faz. Se você acordar e cumprir, traz muita confiança e seriedade.
*ZHESPORTES