Um mês após o acidente aéreo com a delegação da Chapecoense, a cidade de Chapecó começa a cicatrizar suas feridas e voltar à sua rotina normal de sorrisos e abraços. É o que conta Rafael Henzel, jornalista da Rádio Oeste Capital e um dos sobreviventes da tragédia em Medellín. Recuperando-se ao lado da família, Henzel concedeu entrevista ao programa Redação Sportv, nesta quinta-feira, e revelou como acompanha o noticiário sobre o acidente, além da sua indignação com o erro humano que causou a queda do avião da LaMia.
– Acho que no quinto, sexto dia depois que passei por todo aquele tratamento intensivo é que comecei a ter ideia. Quando recebi as imagens de Chapecó, de saber que todos estavam aqui, Fifa, o Puyol, o Seedorf e o Tite... Mas eu evitava ver essas imagens, porque Deus nos preservou do sofrimento que a Chapecoense passou. Depois, mais fortalecidos, acompanhamos de perto. Até hoje, o assunto me interessa muito, porque passou dos limites do futebol. Confesso que, após cada reportagem que leio, fico um pouco mais indignado com a perda de 71 pessoas, que poderia ser evitada. Até pelas publicações nas redes sociais, com gente do mundo inteiro, eu consegui entender que esse era um fato além do futebol, uma comoção mundial – disse o jornalista.
Leia mais:
Os três desafios do renascimento da Chapecoense
Vagner Mancini: "O maior desafio é ter um time competitivo em tempo recorde"
Presidente da Chapecoense divulga carta e lembra um mês da tragédia
Apesar de ser um dos últimos sobreviventes resgatados no acidente, a recuperação de Henzel segue em boas condições. O narrador contou que tem feito visitas à Arena Condá para oferecer conforto às famílias das vítimas:
– Ociosidade é ruim. Dentro das minhas limitações, gosto de dirigir. Estou muito bem, minhas costelas estão cicatrizando. Ainda não consigo calçar meu próprio tênis, mas não me importo. Essa semana visitei a Arena Condá, abracei os funcionários da Chapecoense. Nesse período, quando encontro alguém que sofreu, gosto de conversar para explicar o que aconteceu e levar um consolo, dizer que a gente não sofreu naquele momento. Foi um acidente lastimável e criminoso, mas não houve sofrimento. Lamento muito o que houve, mas estou feliz de estar aqui com minha família. Essas cicatrizes são troféus que vou levar pra vida inteira, são as marcas da sobrevivência.
Henzel ainda afirmou que já tem data para voltar a trabalhar e revelou o desejo de narrar o amistoso da Seleção Brasileira com a Colômbia, no próximo dia 25 de janeiro, que terá a renda revertida às famílias afetadas pelo acidente de Medellín.
– Minha meta é voltar dia 9. Estou conversando com os colegas de imprensa. Mas quero voltar sim, vou ao Rio de Janeiro em breve, quero narrar o amistoso do Brasil. É isso que nos move, é isso meu combustível. Quero voltar logo, mas tenho que esperar passar os 45 minutos de jogo. Como vitima, se você me perguntar se tenho medo de avião, vou dizer que não. Foi um erro humano, desumano. A minha volta pra casa, com a aeronave da FAB, tirou todo o medo que deveria ter. Meu plano é voltar o mais rápido possível para estar com os amigos – completou.
*LANCEPRESS