A funcionária boliviana que afirma ter feito advertências sobre o plano de voo do avião da LaMia que caiu com a equipe da Chapecoense, matando 71 pessoas, afirmou nesta quinta-feira que foi pressionada por seus superiores para modificar seu relatório.
Celia Castedo, técnica aeronáutica da Administração de Aeroportos e Serviços Auxiliares à Navegação Aérea (AASANA), refugiada no Brasil após o acidente, entregou uma declaração ao jornal El Deber, de Santa Cruz, na qual explica as razões que a levaram a abandonar a Bolívia.
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"Fui submetida a assédio e a pressão por parte de meus superiores. (...) Ordenaram que modificasse o conteúdo do meu relatório, que havia apresentado horas antes e no qual detalhava as cinco observações que fiz sobre o Plano de Voo da LaMia (LMI 2933)" em 28 de novembro.
Castedo, com 30 anos de experiência na área, revelou que "a partir de uma revisão cuidadosa (do plano de voo da LaMia) fiz cinco observações, entre as quais a mais importante, sobre a autonomia de voo, que coincidia com o tempo do percurso. Eram iguais".
Reafirmadas as observações em três oportunidades, um despachante do voo "me informou que a decisão final de manter a informação estabelecida no citado Plano (...) correspondia a uma decisão do comandante da nave".
Uma das principais hipóteses para o acidente é que o avião ficou sem combustível antes de chegar ao Aeroporto de Rionegro, que atende Medellín.
Castedo esclareceu que seu carimbo e firma no plano de voo da LaMia "representam um protocolo de recepção do documento e, em nenhuma circunstância, significa a aprovação ou autorização para a realização do voo".
As autoridades bolivianas abriram um processo criminal contra a funcionária, que segundo Castedo "viola seus direitos".
Por este motivo, a funcionária procurou asilo no Brasil, onde tem o propósito de "auxiliar nas investigações para o esclarecimento total dos fatos".
Nesta quinta-feira, a Justiça boliviana deteve Gustavo Vargas, filho do gerente da LaMia, de mesmo nome e também preso, como parte das investigações. Vargas filho autorizou, como funcionário da Direção Geral da Aeronáutica Civil (DGAC), as operações da empresa de seu pai.