A CBF deu um passo importante na valorização do futebol feminino na tarde desta terça-feira. No dia em que divulgou melhorias ao Brasileirão da categoria, com a realização de série A e B e o investimento financeiro maior em 2017, a entidade anunciou Emily Lima como a técnica da seleção brasileira no lugar de Oswaldo Alvarez, o Vadão. É a primeira vez que uma mulher assume a função na equipe principal feminina.
A demissão de Vadão aconteceu horas depois em que o treinador foi confirmado entre os 10 finalistas do prêmio da Fifa de melhor treinador da temporada no futebol feminino. À frente da seleção após dois anos e cinco meses, Vadão teve 53 jogos, 30 vitórias, 12 empates e 11 derrotas. Além de dois títulos do Torneio Internacional de Futebol Feminino (2014, 2015), Copa América de 2014 e ouro nos jogos pan-americanos de Toronto em 2015, o técnico conduziu a seleção brasileira ao quarto lugar dos Jogos Olímpicos, no Rio de Janeiro.
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Tida como a mais preparada para assumir o cargo, Emily fez, em outubro, o curso Licença B, da CBF, para treinadores de categorias de base e tem como um dos objetivos treinar uma equipe masculina. Além de treinar as seleções sub-15 e sub-17, a treinadora de 36 anos estava à frente do São José-SP, um dos melhores times do Brasil, e perdeu a final da Copa do Brasil recentemente para o Audax/Corinthians.
– Joguei com ela na seleção brasileira. Emily construiu uma carreira de treinadora há bastante tempo, já comandou a sub-17 e comanda uma das maiores equipes do Brasil, que é o São José-SP. Ela se preparou para ser treinadora. E, nada mais justo, do que uma mulher assumir a função, dando um chute no preconceito – diz a ex-jogadora do Inter e do Brasil Duda, hoje à frente de uma escola de futebol destinada para mulheres em Porto Alegre. – Foi uma grande sacada. Se pegar as melhores seleções femininas como Alemanha, EUA e Suécia, todas são treinadas por mulheres. O CBF foi pelo caminho correto. Tomara que ela coloque na comissão técnica pessoas tão competentes como ela – finalizou.
Emily iniciou a carreira de jogadora no Saad, de São Paulo, um dos primeiros times femininos no Brasil. Depois de passar por outros clubes no país, atuou por cinco anos na Europa. Em 2009, aos 29 anos, encerrou a sua carreira como atleta na Itália, devido a diversas lesões no joelho. Paulista naturalizada portuguesa, atuou como volante da seleção de Portugal de 2007 a 2009. Como treinadora, Emily começou em Portugal, como auxiliar técnica. Em 2012, comandou o Juventus-SP e, depois, o São Caetano do Sul, onde ficou até assumir o São José-SP.
O primeiro compromisso de Emily no comando da equipe nacional será o Torneio Internacional de Manaus, em dezembro. A técnica será apresentada oficialmente na sede da CBF, no Rio de Janeiro, amanhã.
* ZHESPORTES