No último Gre-Nal, fiz minha estreia na Arena do Grêmio. Fiquei encantado com o que eu já sabia: o estádio é lindo. Linhas modernas e harmônicas, conjuga força e delicadeza, humanizadas pela moldura dos torcedores, cuja voz ecoa num ambiente acústico que recria o ambiente dos velhos campinhos de futebol, me lembrando a vibração do Olímpico e até da histórica Baixada, que, acreditem, frequentei na adolescência, alternando com o meu velho e querido Eucaliptos. Acomodado num confortável camarote da zona oeste, só não torci para o dono da casa porque o outro lado era vermelho...
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Segundo ponto: a Arena é do Grêmio, não apenas porque é o que está escrito na fachada, mas porque é da natureza das coisas. Afinal, o clube e a empreiteira que a construiu só têm um cliente para negociar, que é justamente o outro lado. Um depende do outro, e a única solução é o acerto, mais dia, menos dia. Não estou contrariando Fábio Koff, estou reconhecendo a força do seu gesto para convocar e cutucar o orgulho gremista. A Arena é do Grêmio e ninguém tasca. Fábio, aliás, é um amigo tão querido e antigo que costumo ligar quando ele assume alguma função no seu clube e desejar-lhe tudo de bom. Quando ele estranha e pergunta:
– Tudo?
Eu acrescento: sim, tudo fora de campo...
Terceiro ponto: a Arena é da cidade. Localizado numa área de baixa urbanização e de difícil acesso, o ambiente vai mudar com certeza. Já está mudando. O estádio, sua significação e sua frequência vão mudar todos os becos, corrigir todas as deficiências e brindar Porto Alegre com um belo bairro. Licença dos gremistas para um exemplo colorado: foi o que o Beira-Rio fez com a orla do Guaíba, embelezando-a e, talvez, evitando a degradação que se verifica em muitas áreas da Capital, marcadas por ocupações e invasões. Conclusão: a cidade não deu nada de graça aos nossos dois grandes clubes. Ao contrário, recebeu duas generosas doações.
Último ponto: Porto Alegre tem obrigações com a Arena e seu entorno, para, além de cobrar as contratadas obrigações contratuais da empreiteira, investir dinheiro público, especialmente nos acessos e em obras urbanísticas. Não só porque é justo, mas também porque será altamente lucrativo. O IPTU dará algumas arenas aos cofres da nossa cidade.
Por tudo isso, parabéns gremistas. Abraço colorado.