Está cada vez mais complicado fazer futebol no Interior do Rio Grande do Sul.
O primeiro semestre é até atrativo, por haver competições de acessos, como Divisão de Acesso e Terceirona. Mesmo assim, somente quem sobe da Divisão de Acesso para o Gauchão tem vantagem financeira devido aos futuros ganhos de cotas de TV, caso do Caxias em 2016. Os clubes da Divisão de Acesso até receberam um pequeno incentivo, aproximadamente uma média entre 15 e 20% do orçamento de cada um, o que torna inviável seguir fazendo futebol.
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Agora, analisemos o atual segundo semestre: apenas 17 clubes estão disputando a Super Copa Gaúcha. E nesta turma estão Grêmio, Inter, Juventude e Ypiranga, por exemplo, instituições que nem teriam necessidade de jogar. Se tirássemos esses quatro, nosso segundo semestre teria somente 13 clubes na ativa, sendo que vários deles pagam, no máximo, ajudas de custo aos atletas.
Converso seguidamente com jogadores de futebol. E a maioria tem a mesma visão: é muito mais vantajoso jogar campeonatos amadores do que profissionais no segundo semestre. Atuando profissionalmente, o atleta se sujeita a um salário muito baixo em comparação ao primeiro semestre, fica longe de casa e treina diariamente. Em torneios amadores, estão sempre em casa com seus familiares, ganham por jogo (em média o mesmo ou mais do que profissionalmente) e folgam durante a semana. Como se vê, nos moldes atuais, o amadorismo é mais atrativo na segunda parte do ano por aqui.
Geralmente, a culpa cai no colo da Federação Gaúcha de Futebol (FGF). Não quero defender a entidade, mas não é fácil para os dirigentes tentar buscar patrocínio para competições pífias. Coloquemo-nos no lugar dos empresários: que vantagem ou retorno teríamos em patrocinar competições para públicos desoladores e consequentemente de atratividade quase zero?
A matemática é simples: se todos os anos, o déficit for maior ao que o superávit, a tendência é de que, aos poucos, os clubes comecem a fechar as portas. É complicado trabalhar diariamente pressionado com credores cobrando contas sem ter de onde criar receitas para, ao menos, igualar as coisas. O fato é que o futebol do Interior está morrendo e algo precisa ser feito de forma urgente por todos nós, começando em cada localidade e, óbvio, seguindo o fluxo e chegando à presidência da FGF.
*ZHESPORTES