Se já for possível abrir a lista de pedidos para o Ano-Novo, quero encaminhar o meu: fechem, pelo amor de Deus, o túnel do tempo da Dupla Gre-Nal. Chegou ao limite a insistência dos nossos clubes em buscar no passado a solução dos seus problemas urgentes, ignorando, assim, qualquer esboço de planejamento, de método ou de ideia de futebol.
O Inter buscou em Falcão a solução mágica. Imaginou que a figura do ídolo e maior jogador de futebol da história do Beira-Rio fosse suficiente para tirar o time do atoleiro que seus dirigentes o colocaram. É claro que não deu certo. Não haveria como. Falcão chegou com ideias de futebol que contrastavam com as de Argel, seu antecessor e essa guinada vertiginosa na forma de pensar futebol embaralhou a cabeça dos jogadores.
Leia mais:
Com Renato, situação de Marcelo Hermes pode ser revista pela nova direção do Grêmio
Renato é apresentado e afirma: "O Grêmio tem um bom grupo"
Antes de encarar Inter e Juventude, Fortaleza tem mudança no seu comando técnico
Como última alternativa, o Inter repetiu a estratégia mais usada nos últimos anos: apelou para as cabeças de 2006. Só que o estrago da gestão Piffero é tão grande que nem mesmo Fernando Carvalho (que voltou à ativa para salvar o clube da queda) consegue dar conta da tarefa.
O Grêmio parecia ter desenhado um futuro com Roger, mas fez questão de apagá-lo. O chamado de Renato Portaluppi me faz crer que o acerto em buscar Roger em 2015 foi acidental. Romildo Bolzan Jr. foi a 1983 buscar Renato, Valdir Espinosa e Adalberto Preis. Lá se vão 33 anos que o Grêmio voltou de Tóquio com o títulio mundial, mas ainda se acredita na aura de quem esteve lá.
Não cansamos de nos perguntar por que viramos, no máximo, inqulinos do G-4. Também custamos a entender as razões para 20 anos sem uma conquista de Brasileirão. A resposta está bem clara neste final de 2016 com contornos melancólicos para os torcedores da Dupla.
Grêmio e Inter precisam, urgente, de um choque de modernidade. Não podem mais ficar a mercê das disputas autofágicas de grupos políticos e conselheiros que buscam alimentar em azul e vermelho suas vaidades. É hora de profissionalizar a gestão de orçamentos que passam fácil dos R$ 300 milhões. Misturar a paixão de diretores amadores com a ação fria e profissional de executivos. Colocar no futebol alguém que pense nele 10 anos além dos próximos 90 minutos. Ou fazemos isso e avançamos ou seguiremos buscando ídolos do passado no túnel do tempo para resolver nossos problemas. E posso antecipar aqui: eles até podem resolver, mas a crise estará à espreita logo ali adiante.