No dia seguinte ao fiasco histórico contra o Coritiba, a torcida gremista ainda buscava explicações para o nosso 7x1, como qualifiquei o jogo de quarta, aqui nesse espaço. Claro que, com o calor da humilhação, muitos querem a saída de Roger Machado. Não acho que ele seja Pepe Roger, ou gênio, nada disso. Acho um belo técnico, em começo de carreira, que erra, como todos os humanos erram.
Algumas vezes, erra muito, como na quarta-feira, quando, por exemplo, escalou o pior jogador do Grêmio nos últimos meses, Marcelo Oliveira, como capitão. Erra ao acreditar que um milagroso esquema com três volante possa dar certo pela amostra de apenas um jogo_ o do Atlético-PR. Erra quando insiste no posicionamento errado de Luan, por exemplo.
Mas não podemos colocar na conta de Roger toda a culpa de nossos insistentes fracassos.Se tem jogador que chega na cara do gol e erra uma, duas, três vezes em repetidos jogos, a culpa não é do técnico. Sei que Roger faz intensos treinamentos de finalização.
A culpa é da direção, que trouxe um jogador fraco para o Grêmio. Se Marcelo "Avenida" Oliveira, não consegue fazer uma cobertura decente, a culpa não é de Roger, que já deve ter passado instruções suficientes para Oliveira. A responsabilidade é da direção, que trouxe um atleta que não tem qualidade para jogar no Grêmio. Se Ramiro está no grupo, a culpa é da direção.
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Direção, imprensa e torcida: todos são culpados
Também é culpa da direção a reposição lamentável, para dizer o mínimo, de Giuliano, que nos dava um equilíbrio. Também podemos colocar na conta da direção a saída de nomes que até hoje poderiam estar aí, como Zé Roberto, que hoje gasta a bola no Palmeiras. Defendi a permanência dele, quando ele foi embora. E ouvi algumas frases do tipo: "não podemos investir R$ 100 e poucos mil por mês para um jogador nessa idade". Ah, tá, o bom é investir no ruim, então?
A culpa dessa fase ruim que parece ser eterna é, também, da torcida do Grêmio, sua impaciência e seu pensamento mágico e antiquado, que estacionou nos anos 1990. Especificamente, em 1995, quando o Grêmio trouxe reforços considerados hoje "peneirados" e fez um time campeão.
Mas não é bem assim. Dinho era campeão do mundo pelo São Paulo, um baita volante. Paulo Nunes era um bom reserva do Flamengo, de destaque no Campeonato Carioca, que tinha nomes como Marcelinho Carioca, Nélio e Marquinhos. Jardel era um bom centroavante no Vasco, guardava seus gols, e era banco de Valdir "Bigode", um dos grandes artilheiros dos anos 90. Bolaños, Vargas, Zé Roberto, nenhum bom jogador para no Grêmio.
Para jogar aqui, parece que tem que dar carrinho e chutar a bandeira de escanteio, como fazia o patético lateral Pará. Nesse meio, obviamente, a imprensa tem sua grande parcela de culpa, pois tem um discurso que mistura o conformismo da direção com o atraso de pensamento da torcida. O futebol mudou, está rápido, moderno. Precisa de bons volantes, ágeis, leves. De jogadores inteligentes, de marcação intensa. Parece que a torcida do Grêmio, a imprensa e a direção, não se deram conta disso.
Enquanto seguirmos no pensamento mágico da fórmula dos anos 1990, seguiremos sendo um time médio. E sem chance de ganhar o Brasileirão, como afirmei neste espaço, há mais de um mês.