Com a demissão do técnico Argel, muito se falou sobre qual "perfil" de técnico seria ideal para o Inter. Acredito que, antes de definirmos qual treinador queremos para treinar nosso time, devemos definir que futebol queremos jogar. Algo que já nos identificou no passado, mas hoje não mais.
E aqui não estou falando das ideias e princípios do treinador para construir seu modelo de jogo: se ataca com amplitude e se defende compactado, se quando perde a bola pressiona ou recompõe, se quando recupera a bola verticaliza ou mantém a posse, se progride através de triangulações ou em profundidade etc.
Muito menos em esquemas táticos, que podem até ser alterados durante uma partida, mas sem mudar o comportamento da equipe jogar.
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Estou falando de algo maior, algo que deveria ser definido não por uma ou outra gestão, mas por todo o clube e sua torcida. Qual nossa filosofia e identidade para jogar futebol?
Queremos um time que jogue para dar espetáculo ou jogue por resultado? Que proponha sempre o jogo ou seja pragmático e objetivo? Queremos ter maior posse de bola ou queremos contra-atacar? Ressaltando sempre que, em qualquer das situações, a qualidade do atleta deva ser requisito fundamental.
Se tivermos definidos claramente os conceitos de futebol que desejamos jogar, a escolha do treinador será tarefa menos complicada e seriam evitados desperdícios de recursos na contratação de jogadores solicitados por um treinador e não utilizados por outro. E é nesse momento que entra a avaliação do perfil de treinador a ser contratado. Devemos avaliar não se o profissional é "sanguíneo" ou "cascudo", mas qual sua experiência, capacitação e atualização profissional.
O futebol atual é uma atividade extremamente complexa e exige que o treinador, além de ter elevado grau de conhecimentos técnico/tático, físico, psicológico e até em medicina esportiva, seja capacitado na gestão de grupo e administração de conflitos, na utilização de ferramentas modernas de avaliação de desempenho, na aplicação de novas metodologias de treinamento, na forma de se comunicar com todos os envolvidos, na maneira como desenvolve potenciais, na maneira como interage com as categorias de base etc.
E é também nesse instante que deparamos com duas grandes dificuldades: encontrar dirigentes capazes de fazer essa avaliação e encontrar disponíveis treinadores que preencham a maior parte de tais requisitos.
*ZH ESPORTES