Depois de um Gre-Nal sem incidentes no primeiro domingo de julho, no Beira-Rio, o juiz Marco Aurélio Martins Xavier, do Juizado do Torcedor e Grandes Eventos, fala sobre o comportamento do fã gaúcho, do uso de entorpecentes nos dois grandes estádios da Capital e de novas campanhas que miram o futebol.
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Como o Juizado do Torcedor, que atua há mais de oito anos nos estádios, analisa o público de futebol do Estado?
O público dos estádios é bastante plural e representativo do povo em geral, tanto no perfil quanto nas atitudes. O ponto comum desse torcedor está na paixão pelo clube, o que, se não for bem administrada, gera fanatismo e violência, um binômio maldito do esporte de massa. De um modo geral, definiria o torcedor gaúcho como apaixonado e pacífico, tanto que os atos de violência registrados aqui são raros e lamentáveis exceções.
O juizado fez uma forte campanha contra o uso de drogas no estádio. É possível avaliar os resultados?
Entre 2012 e 2014 fizemos a campanha "Droga no estádio? Não rola!", realizada com o apoio dos demais órgãos públicos, da imprensa e dos clubes, além da participação de artistas e técnicos que ajudaram a viabilizar a ideia, participando voluntariamente. Foi uma experiência muito gratificante, que enfrentou o flagelo das drogas sem tergiversações, baseada em três pilares: educação, fiscalização e responsabilização. Os resultados foram excelentes e falam por si só: as ocorrências relativas ao porte e uso de entorpecentes passaram, de 51 em 2012, para 40 em 2013 e apenas nove em 2014, ou seja, foram reduzidas em cerca de 83%.
Há uma nova campanha em estudo? Qual o tema desta vez? O foco vai além das drogas?
Estamos planejando mais do que uma campanha, mas um programa de proteção ao torcedor. Desta vez o foco prioritário será a violência de grupos, que tem o maior potencial destrutivo nos estádios e seus entornos. Assim como na iniciativa anterior, o programa contemplará ações de prevenção, fiscalização e responsabilização dos infratores. Obviamente, a drogadição continuará na pauta desse programa.
Como o senhor avalia o comportamento das torcidas organizadas da dupla Gre-Nal. Melhorou? Piorou?
Atualmente, não tenho uma avaliação positiva do comportamento das torcidas organizadas da dupla Gre-Nal, o que ainda é motivo para o afastamento de famílias e torcedores de bem dos estádios. Estamos vivendo um período de rivalidades frívolas entre organizadas do mesmo clube, tanto coloradas quanto tricolores. Elas têm sido punidas com medidas aplicadas pelo Juizado do Torcedor, tais como a proibição de organizadas, ou de seus integrantes individualmente, de comparecerem aos jogos e suas cercanias. Já realizamos reuniões com os clubes e com os órgãos de fiscalização, nas quais foi dado o alerta sobre essas sanções, que tendem a ser agravadas, caso novos embates voltem a ocorrer. Assim, a máxima é simples: ou as organizadas atuam de forma ordeira, ou não mais atuarão como torcida organizada.
*ZHESPORTES