Na contramão de quem exige a saída de Dunga do comando da Seleção Brasileira, Pelé acredita que a culpa pelos problemas da equipe não são responsabilidade do treinador. Em evento realizado nesta quinta-feira em São Paulo, o tricampeão mundial eximiu Dunga e creditou a má fase brasileira à atuação ostensiva dos empresários e ao grande número de atletas que deixam o País para atuar no futebol da Europa.
– Acho que o Dunga não tem muita culpa. A Seleção tem dificuldade porque os empresários têm direitos demais sobre os jogadores. No meu tempo, eles não mandavam tanto. Além disso, poucos iam jogar na Europa, e quando iam, havia reposição. Agora, infelizmente não temos tempo para a Seleção, não temos tempo para treinar porque a maioria joga lá fora. Isso complica muito e faz o futebol brasileiro passar por esta fase – disse o Rei do Futebol.
Leia mais:
No grupo palmeirense, River Plate-URU e Nacional ficam no empate
Ypiranga vence o Atlético-GO no Serra Dourada e avança na Copa do Brasil
Site faz híbridos de grandes craques do futebol mundial
Nesta quinta, em comemoração ao Dia Mundial da Saúde, Pelé foi ao Clube Esperia fazer uma doação de R$ 15 mil em equipamentos esportivos à Associação Desportiva de Deficientes (ADD). O Rei recebeu homenagens, assistiu a um jogo da equipe Magic Hands, de basquete de cadeira de rodas, tirou fotos com crianças e paratletas e também atendeu os jornalistas.
Questionado sobre uma possível ida de Tite para a Seleção, a fim de tentar melhorar o desempenho nas Eliminatórias e encaminhar a vaga na Copa do Mundo da Rússia, Pelé defendeu a continuidade do trabalho de Dunga.
– Eu gosto dos dois, acho que os dois são ótimos. Mas Dunga não tem culpa nenhuma do que está acontecendo – reiterou.
O maior jogador de todos os tempos se mostrou chateado com o escândalo de corrupção que atravessa o Brasil e a CBF, principalmente porque o povo brasileiro ainda está fragilizado pelo 7 a 1. Pelé afirma que as notícias mancham a boa imagem do País que o futebol ajudou a construir.
– É bem difícil para um brasileiro, que é parte do futebol, sair pelo mundo e, em todo lugar que chega, até em países onde o futebol não é um grande esporte, as pessoas dizem "que pena o que aconteceu no Brasil". Infelizmente isso vem logo após nossa derrota na Copa do Mundo para a Alemanha, é difícil para nós, brasileiros – avaliou o craque.
Pelé contou também como sua geração colocou o Brasil no mapa mundial através do futebol e se mostrou preocupado que os problemas políticos atrapalhem o trabalho construído ao longo das últimas décadas.
– Ainda me lembro, e vou falar isso com orgulho para quem quiser ouvir, quando a gente foi para a Copa do Mundo de 1958. Eu tinha 17 anos. Na Suécia, ninguém sabia onde era o Brasil. A maioria do pessoal confundia com Argentina e Uruguai. Aí eu falava que não tinha nada a ver. De 58 para cá, o Brasil passou a ser o país mais conhecido do mundo por causa do futebol. E infelizmente hoje a gente tem uma administração que acaba estragando o trabalho maravilhoso que o futebol fez pelo Brasil. A corrupção atrapalha. Mas, se tudo der certo, a gente vai corrigir isso – completou.
*LANCEPRESS