No mundo, há dois tipos de pessoas: os que acreditam que o futebol é um simples esporte, tendo 11 atletas de cada lado correndo atrás de uma bola procurando marcar mais pontos que o adversário, e os que têm certeza que é algo que transcende o gramado, o estádio e a racionalidade humana.
Esse segundo grupo crê piamente que o futebol pode melhorar a cara da segunda-feira, pode ser a única esperança de felicidade de um povo sofrido, tem ligação direta com a música, religião, política, etc. Às vezes, um indivíduo desse grupo é o líder de uma nação. E aí, esse exagero em torno de um "simples esporte" se torna real.
No início da decada de 30, Mussolini viu o futebol como uma ferramenta de expansão do Fascismo. Abortou a Copa no Uruguai, começou campanha pela sede de 34 e angariou jogadores de outras nacionalidades. Durante o torneio na Itália, pressionou adversários, subornou juízes e ergueu a taça. Hitler ficou impressionado e tentou fazer o mesmo.
O Führer também tentou sediar a Copa seguinte, invadiu a Áustria atrás de uma das melhores seleções da decada e tentou disseminar seus ideais através dos gramados. Vale lembrar, que a Áustria contava com um dos maiores craques do futebol, Sindelar, que se recusou a jogar a Copa de 38 pela Alemanha. Quem sabe isso, não tenha dado à seleção de Hitler a taça, mas sim novamente para Mussolini. Getúlio Vargas também vislumbrou no futebol um poder de alcance de massa e começou a apoiar aquela que seria a terceira colocada na Copa da França, a primeira Copa realmente acompanhada pelos brasileiros através do rádio.
Muitos são os exemplos parecidos ao longo dos anos. Do já não mais duvidoso gol em Wembley na efervescente Inglaterra de 66 ao polêmico título de 78 dos hermanos em meio a torturas e desaparecimento de argentinos na ditadura. Assim como aconteceu aqui anos antes.
Não sabemos exatamente o tamanho e motivo do interesse chinês no futebol. À primeira vista, é financeiro. Pode ser apenas por paz entre conflitos internos como fez o Santos de Pelé na África no final de 60. Ou também para desviar de seu povo a atenção de algo mais grave que pode vir a acontecer na esfera política. Há quem aposte no prazer e satisfação desse "simples esporte". O certo é que, agora, até a China parece estar precisando do futebol.