
O Antônio Mamede me liga para um depoimento sobre Jonas. O jornal Recórd, de Lisboa, abriu suas páginas centrais para o atacante. Portugal tenta decifrá-lo. Os mais exaltados o comparam a Luiz Suárez, já que ambos disputam a Chuteira de Ouro, concedida ao artilheiro da Europa. Um exagero que dá bem a dimensão do entusiasmo. Chamam-no de rei justiceiro, após o gol da vitória nos acréscimos do Benfica sobre o Zenit, pelas oitavas da Liga dos Campeões. Fez-se justiça - daí, o apelido.
São 26 gols em 33 jogos na temporada. Só na liga portuguesa, 24 em 23 rodadas. Jonas não passou por categorias de base, mas nunca desistiu de correr atrás da evolução técnica, treinando feito doido. Nem quando a maldade o carimbou como pior atacante do mundo, ao perder aquele gol na Libertadores de 2009, contra o Boyacá Chicó. Fui testemunha disso, como repórter. Desde 2003-2004, com o Porto de Mourinho, um clube d'além mar não é protagonista na Europa.
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A história de Jonas é emblemática para a tese dos dois talentos, o inato e o adquirido. Quem nasce cheio de ferramentas nem sempre se preocupa em desenvolvê-las, de tanto que sobra em relação aos demais. É o inato. Enquanto isso, o médio ouve, estuda, pergunta, treina, erra, acerta. Evolui. É o adquirido. Lá pelas tantas, o balde de qualidade do inato está pela metade, enquanto o do adquirido quase transborda.
Nada substitui o trabalho, dia após dia, tijolo sobre tijolo. Talento também se constrói.
*ZHESPORTES