Com Michel Platini no comando da Uefa, confederação europeia que une 54 federações do continente, a tecnologia foi proibida de entrar em campo. O máximo que o francês permitia era a escalação de dois árbitros assistentes ao lado das goleiras.
Sem Platini, banido do futebol, e sob o comando do suíço Gianni Infantino, a Uefa programa sua pequena revolução.
- Os testes acabaram e pensamos que a Eurocopa-2016 que se aproxima é uma boa oportunidade para a Uefa instaurar a GLT (tecnologia da linha de gol, na sigla em inglês) em um torneio de maior porte - declarou o italiano Pierluigi Collina, presidente da comissão dos árbitros europeus, ao site da Uefa.
Ao apoiar o projeto GLT, a Uefa acena com a possibilidade de que todos os campeonatos da Europa adotem a mesma tecnologia.
Tecnologia é tendência
A Uefa segue uma tendência. A tecnologia ingressou no campo de jogo. Não haverá mais recuos, só avanços - até os patrocinadores exigem mais. Entre 4 e 6 de março, em Cardiff, no País de Gales, a International Football Association Board (IFAB), fundada em 1883 e que policia e regulamenta as leis centenárias do futebol, deve liberar a introdução do vídeo como apoio ao trabalho dos árbitros. A intenção é recomendar que Brasil - só no Brasileirão -, EUA e México testem a tecnologia.
O diretor-executivo da Associação Galesa de Futebol, Jonathan Ford, disse que os ensaios poderiam começar na próxima temporada (talvez maio deste ano no Brasil). Os testes teriam uma duração de dois anos.
Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte são os países membros da IFAB. Cada país britânico tem direito a um voto. A Fifa, que faz parte da associação, tem quatro. Qualquer decisão só passa se alcançar seis votos. O experimento do vídeo no Brasileirão precisirá passar antes pela votação da IFAB, em março.
Alemanha, Inglaterra, França e Itália, que sediam as grandes ligas do mundo, já adotaram a tecnologia da linha do gol, assim como a Fifa. Todos apoiam os testes de vídeo. Querem observar o processo, mas não falam em ajuda econômica, nem a Fifa tocou no assunto ainda. Se a CBF optar pelo novo modelo, terá de bancar os custos, da formação de pessoas à compra de tecnologia.
Árbitros sem influências
Em março de 2015, no seu congresso anual, a IFAB vetou o uso de replays, mesmo experimentais, para esclarecer lances polêmicos. Não quis que a tecnologia afetasse a decisão do árbitro ao puxar cartões vermelhos, assinalar pênaltis ou validar gols. A Federação Holandesa de Futebol fez algumas experiências, mas a Fifa achou insuficientes.
Na época secretário-geral da entidade, Jérôme Valcke, então um homem poderoso, declarou que a presença do vídeo nas quatro linhas seria "a maior decisão desde que o futebol é jogado". Hoje, ele está banido do esporte.
Em um ano, a Fifa mudou de ideia, como a Uefa. Estão abertos aos experimentos. A decisão está com os britânicos da IFAB.
O encontro em Cardiff, oito votos decisivos, não discutirá só o vídeo. Há outras pautas importantes e que de alguma forma visualizam o futebol do futuro. Uma delas, antiga e que volta à mesa de trabalho, é adotar a quarta substituição, mas apenas durante as partidas que alcançarem as prorrogações. Em 2015, a IFAB negou a mudança. Ao site da organização, o chefe executivo da Associação Norte-Irlandesa de Futebol, Patrick Nelson, disse que ninguém ficou convencido que três substituições durante os 120 minutos não são suficientes.
Outro ponto polêmico é a punição tripla aplicada ao goleiro quando comete pênalti, é expulso e suspenso por um jogo. A Fifa considera a sanção forte. Pediu novos estudos. Na linguagem da IFAB, a entidade está aberta a "novos ensaios". O futebol vai mudar. O futuro chegou.
*ZHESPORTES