O presidente interino da CBF é um parlamentar discreto em Brasília e um político e cartola tradicional no Espírito Santo. Deputado federal pelo PP, Marcus Vicente encerrou em 2015 um ciclo de 20 anos à frente da federação capixaba de futebol. Com a licença de Marco Polo Del Nero, aos 61 anos, ele assume a entidade que ajuda a defender no Congresso.
Em conversas com parlamentares de diferentes partidos, Vicente insiste na inocência de Del Nero diante das suspeitas levantadas nas investigações dos escândalos da Fifa. Aliado do presidente licenciado, ele foi um dos vices da CBF. Sua ascensão, com a saída do amigo, é o ápice de uma carreira dividida entre os gabinetes do futebol e da política.
Em sua biografia no site da Câmara, o deputado indica que já teve diferentes ofícios – de engraxate e jornaleiro a advogado. A vida política é antiga, se iniciou na década de 1970, na antiga Arena, partido de sustentação do regime militar.
Na política, Vicente teve vários times. Além da Arena, “vestiu as camisas” do PFL, PSDB, PTB e PP. Entre idas e vindas, passa pela Câmara desde 1997, quando tomou posse pela primeira vez como deputado federal. Em 2006, integrou a polêmica lista de candidatos que receberam doações eleitorais da CBF – no caso do cartola, um repasse de R$ 50 mil.
Em 2014, o político declarou à Justiça Eleitoral patrimônio de R$ 330 mil – um apartamento e um Corolla. Sua campanha custou R$ 1,4 milhão, tendo como importantes doadores empresas da construção civil, celulose e mineração, junto com a JBS.
Descrito como um parlamentar de trato afável, Vicente integra a tropa de choque da CBF sem alardes. Trabalha em diferentes projetos e comissões em favor dos interesses da confederação, porém não tem o perfil combativo de outros membros da bancada da bola, como Jovair Arantes (PTB-GO) e Vicente Cândido (PT-SP), sócio de Del Nero em um escritório de advocacia.
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