Adriano de Souza, o Mineirinho, é conhecido pela perseverança. Desistir não é verbo presente no vocabulário do paulista de Guarujá. Até por isso, ele traçou uma meta que não abandona: quer faturar o título mundial do surfe. Em sua décima temporada na elite do esporte, as chances são reais. É terceiro colocado no ranking e depende apenas de si na disputa que ocorre de 8 a 20 de dezembro, na lendária Pipeline, no Havaí.
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Aos 28 anos, Mineirinho é o mais experiente da "Brazilian Storm", como são conhecidos os atletas brasileiros no exterior. Além dele, são bem cotados para levantar o troféu o australiano Mick Fanning (líder), e os brasileiros Filipe Toledo (segundo colocado) e Gabriel Medina (quarto).
O paulista já está no palco da disputa, hospedado na casa do havaiano Jamie OBrien, um dos pioneiros do "free surf". JOB, como é conhecido no meio, venceu o Pipemasters em 2004, mas sempre afirmou ser contrário a competições de surfe. Em meio aos treinos com o amigo e à concentração, Mineirinho atendeu a reportagem de ZH, por e-mail. Sucinto, mas com frases que demonstram sua força, ele falou sobre o sonho de ser campeão.
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Confira a entrevista:
Você está hospedado na casa de Jamie O'Brien, mito de Pipeline. Isso lhe ajuda de alguma forma a chegar mais preparado para a grande final?
Ajuda no sentido de me sentir mais enturmado e adaptado à região. Além do que, o cara é fera nos tubos de Pipe. Mas quando chegar a hora de competir quem está lá sou eu!
Entre os brasileiros com chance de título, você é o mais experiente. Pode ser uma vantagem?
Gostaria que fosse, mas isso não conta nada na hora do confronto direto. Acho que, nesse campeonato, teremos várias pessoas com chances de ganhar em Pipe.
Há como apontar quem tem mais chance entre os brasileiros: você, Filipinho ou Medina?
Se depender de mim, serei campeão. Se eu não confiar em mim, quem confiará?
Você é conhecido como Capitão Nascimento. Nos conta um pouco sobre esse seu espírito de liderança e essa vontade para nunca desistir.
Faz parte de mim dar o máximo para atingir um objetivo. Neste caso, é ser campeão mundial. E não vou desistir até conseguir.
Quando houve o ataque de tubarão a Mick Fanning, você cancelou o voo para prestar solidariedade. Ser solidário com seus amigos do surfe é uma característica sua também?
Aquilo foi uma coisa muito forte. Poderia ter acontecido comigo, ou com qualquer um que competiu ali. Eu fiquei bem chocado e decidi fazer o que achei certo no momento, que foi voltar.
Você sempre esteve entre os top, e agora tem boas chances de garantir o caneco. Como vê essa proximidade do título? É um sonho?
É um sonho que me deu muito trabalho para poder viver! Dez anos, no mínimo! E espero que espero que se torne realidade. Estou trabalhando para isso!
Você era muito amigo do surfista Ricardinho, assassinado em Santa Catarina no início do ano. Inclusive já prestou homenagem em uma de suas pranchas. Pensa em dedicar o título a ele, caso vença?
Ele está sempre comigo nas orações e nas batalhas. E certamente ele será uma das pessoas a quem oferecerei este campeonato.
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