Comentarista do canal Fox Sports, Mauro Beting fez suas apostas para a próxima Libertadores. Analisou os clubes brasileiros e ressaltou a diferença técnica do futebol europeu. O jornalista também falou sobre os movimentos para o fim da corrupção no futebol.
Sobre a final do Mundial de Clubes, a diferença é aquela mesmo, dos 3 a 0, ou o Barcelona poderia ter feito mais no River Plate?
A diferença é maior. Se quisesse, o Barcelona teria feito mais. Desde a Lei Bosman (em 1995, que permitiu que jogadores europeus atuem livremente na Europa), a diferença se alarga. Eventualmente, um sul-americano vence porque é um jogo só, mas ganhar é uma quase zebra. Está muito difícil concorrer com clubes europeus. E, com o Barcelona, é pior ainda. Junta uma seleção de sul-americanos com catalães que vêm das canteras (categorias de base), de uma escola holandesa de Cruyff aprimorada por Guardiola, com uma filosofia de trabalho e de vida. Os europeus são os que tiram vantagem da qualidade sul-americana.
E quem será a próxima vítima no Mundial de Clubes, nessa Libertadores que vem aí?
Espero ver uma grande Libertadores, cheia de campeões e times tradicionais. Deve ser uma das melhores. Os brasileiros entram, mais uma vez, como favoritos. É bem verdade que nos últimos anos não conseguiram atingir as finais, e em 2014 foi uma aberração já nas semifinais. Mas para o próximo ano, aponto o Corinthians como candidato, por ser o time mais forte, mesmo que tenha perdido Jadson, seu melhor jogador. O Atlético-MG mudou técnico, então é uma incógnita. O São Paulo também estreará um técnico, que é bicampeão, mas precisa remontar o grupo de jogadores. O Grêmio manteve o Roger, mas ainda é uma incógnita pelo que a janela de transferências vai apresentar. E tem o Palmeiras, que tem de se reforçar bastante. Agora, estou curioso para ver o sorteio da Libertadores neste momento conturbado, quem serão os dirigentes que estarão lá. Não duvido que convidem qualquer um para participar: "Ei, está parado aí? Então entrega esse prêmio lá...". (risos)
Este tem sido o principal fato do ano. O que fazer para melhorar aqui, na nossa casa, na CBF?
A primeira alternativa é o movimento de OcupaCBF, do qual fui um dos signatários. Tem gente boa para assumir e tem gente boa interessada em assumir. O que precisa mudar é a fórmula para conseguir entrar na CBF. A cláusula de barreira hoje impede qualquer mudança e permite que tipos como coronel Nunes vire presidente. Nada contra o coronel Nunes, mas nada a favor também. Essa manobra de elegê-lo mostra que a CBF continua sendo presidida pelo mais velho ou pelo mais velhaco. Nós, da imprensa, temos nossa parcela de culpa. Devemos cobrar mais. E vou além: acho que o momento é de fazer como disse o Alex (ex-jogador, hoje comentarista da ESPN) e tomar a CBF de assalto mesmo. Ainda mais que desde a administração de José Maria Marin e seguindo com Marco Polo del Nero começou um processo democratização, de forma muito lenta. É hora de aproveitar.
*ZHESPORTES