Quando soube que minha participação na cobertura do Festival de Esportes de Aventura havia sido confirmada, veio um frio na barriga. Não sabia se conseguiria fazer todas as modalidades que foram propostas. Mas era hora de aceitar o desafio e descobrir como me sairia. Além disso, meu parceiro na empreitada, o repórter fotográfico Anderson Fetter, estava animadíssimo.
A viagem a Minas do Camaquã, a 300 km de Porto Alegre, iniciou na madrugada de sábado, que precedeu um amanhecer nublado. Passamos as quase quatro horas de percurso rezando para o sol aparecer. Foi o que aconteceu depois. Terminamos o dia reclamando do vermelho na pele.
O cenário que recebe os visitantes encanta. São quilômetros de verde, riachos, rochas íngremes e uma mina desativada, onde um lago azul-turquesa se formou com a água da chuva.
Foto: Anderson Fetter
A primeira modalidade com a qual me deparei foi o arvorismo. Eram nove obstáculos, montados entre as árvores, com o mais alto chegando a 10 metros de altura (confira no vídeo abaixo). Parece fácil ao olhar do solo, mas, quando se está lá em cima, dá medo de cair!
Fizemos também tirolesa de 140 metros, stand up paddle, escalada, e o meu favorito: o mergulho. Ao olhar a lista de atividades, sabia que esse era o que não poderia faltar. Até fiquei surpresa, pois nem sabia que a modalidade era oferecida aqui no estado.
Confira mais dos esportes nos vídeos abaixo:
Arvorismo
Parece simples, mas não é tanto assim. Primeiro, é preciso colocar o equipamento de segurança, composto por capacete e cinto. A pessoa fica conectada a um fio - ou seja, se tropeçar e cair, você não vai até o chão. Na hora de transpor os obstáculos, porém, a impressão que se tem é que, se errar, vai se machucar. É preciso trabalhar o lado psicológico. E o segredo está na técnica. Por exemplo, ao passar pela trilha de pneus, sempre se deve pisar no meio da borracha. Se o pé for mais para a esquerda ou para a direita, o participante se desequilibra.
Foram montados nove obstáculos, com troncos, pneus, redes e fios. O mais alto deles, a 10 metros de altura, é chamado de ponte tibetana. Exige bastante equilíbrio, pois você atravessa um fio bem fino e bambo. Quando estiver balançando muito, vale abrir bem os braços para diminuir o balanço.
Mergulho
O melhor horário para fazer o passeio é ao meio-dia, porque o sol está mais forte e, assim, o lago fica mais claro. A Mina a Céu Aberto é um lugar mágico. Para começar, ela troca de cor conforme a luz: vai do azul-turquesa ao verde esmeralda no mesmo dia. E a água da chuva começou a acumular por ali há cerca de 20 anos, quando os trabalhadores que exploravam minério de cobre pararam de operar no local. Resultado: 120 metros de profundidade.
Colete com cilindro posto (como pesa!), pé de pato fixado, era hora de começar o passeio. Foram cerca de 20 minutos de mergulho (veja no vídeo acima). A água nem estava tão fria como esperávamos - a roupa de neoprene, é claro, ajudou. Descemos a 7,8 metros de profundidade. Dessa vez, meu ouvido incomodou um pouco, o que nunca tinha acontecido nas minhas experiências anteriores no esporte.
Aproveitei mesmo assim. Vimos, bem de perto, as rochas que os homens escavavam. Não há vida de animais lá. Mas é uma experiência interessante. Confesso que prefiro nadar para ver peixinhos, polvo, tartaruga e até tubarão. Mas valeu muito a aventura pela mina desativada e o aprendizado.
Escalada
Para mim, foi o mais difícil. Escalamos uma rocha com 20 metros de altura. Tive, como companhia, o guia turístico Rafael Camilo. Ele mede 1m15cm, e, por isso, se destaca pela perseverança e coragem. O Camilo subiu primeiro, e depois foi minha vez. É complicado, pois não sabia ao certo onde colocar os pés e as mãos. Engana-se quem pensa que o esporte exige muita força. É mais técnica.
Meus braços e pernas não doeram. A via que fomos é ideal para iniciantes. Quando eu estava subindo, porém, não achei "mamão com açúcar". Fui rápida, com um movimento atrás do outro, pela ansiedade de chegar no topo. Lá de cima, admirar a vista fez valer a pena.
Stand Up Paddle
É uma delícia. Quem quiser praticar, consegue. Não é difícil. É preciso começar ajoelhado na prancha e, depois de ganhar confiança, subir. Existe bastante técnica na remada. Se você não faz o movimento certo, o equipamento vira para o lado contrário. Por isso, é bom ter a companhia de alguém experiente que possa explicar. No meu caso, fui com o Givago Ribeiro, canoísta que participou dos Jogos Pan-Americanos em 2011. As dicas dele foram essenciais.
Mesmo assim, passei alguma dificuldade por conta do vento, que às vezes atrapalhava. O interessante do Festival Gaúcho de Esportes de Aventura é que o SUP é praticado na Mina a Céu Aberto, mesmo local do mergulho. O visual é sensacional.
Tirolesa
É a modalidade mais fácil, pois basta colocar o equipamento e aproveitar o passeio. Ela começa a 140 metros do chão, em cima de uma pedra íngreme. Para chegar lá, são necessários cerca de 15 minutos de caminhada. Essa é a parte mais complicada. Depois, é preciso criar coragem. A altura assusta um pouco. Com a segurança revisada, basta caminhar pela pedra até ficar suspenso no ar.
Os mais corajosos correm, para dar mais velocidade. Eu não corri. Fui passo a passo. O passeio tem velocidade média de 55 km/h, mas pode chegar a 90 km/h. O interessante é que a tirolesa começa no município de Santana da Boa Vista e termina no distrito de Minas do Camaquã, em Caçapava do Sul. No total, são 1,1 km de distância entre o ponto de saída e a chegada.
Contatos para mais informações:
Minas Outdoor Sports
(55) 9976-5682 / 9650- 1312
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